Dados do Trabalho


TÍTULO

CIRURGIA CITORREDUTORA (CRS) ASSOCIADA A QUIMIOTERAPIA INTRAPERITONEAL HIPERTERMICA (HIPEC): UMA NOVA ABORDAGEM PARA TRATAMENTO DA NEOPLASIA MALIGNA MUCINOSA DO APENDICE CECAL

INTRODUÇÃO

Neoplasias malignas epiteliais do Apêndice Cecal são raras. Estas são encontradas em apenas 1% dos espécimes de apendicectomia. O tipo histológico adenocarcinoma mucinoso de apêndice (PMCA) é uma neoplasia não invasiva e com baixo índice de disseminação metastática. O presente trabalho tem por finalidade relatar um caso de PMCA, com disseminação peritoneal, tratado previamente como um câncer de ovário e discutir o seu manejo cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente sexo feminino, 56 anos. Relata há 4 anos, histórico de aumento do volume abdominal, em hipogástrio por aproximadamente 7 dias. Foi submetida à ooforectomia do ovário esquerdo com o resultado anátomo-patológico de adenocarcinoma mucinoso de ovário. Há 3 anos, foi encaminhada ao serviço de oncologia do trato gastrointestinal devido à tumoração pélvica e submetida à laparotomia. O manejo cirúrgico consistiu em uma peritoniectomia associada à colectomia parcial e ressecção retroperitoneal. O resultado anátomo-patológico das peças confirmou o histórico de adenocarcinoma mucinoso metastático. Entretanto, o exame imuno-histoquímico revelou um adenocarcionoma mucinoso de padrão intestinal infiltrando tecido fibroadiposo. Nos meses subsequentes foi submetida a 12 sessões de quimioterapia. Há 2 anos, foram realizados exames radiológicos e marcadores tumorais, que evidenciaram persistência da doença com resposta radiológica, sendo indicado a cirurgia citorredutora (CRS), associada à quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC). Acompanhamento da cirurgia após 1 ano sem alteração.

DISCUSSÃO

Embora raro, o espectro da doença peritoneal maligna é complexo. Consequentemente, existe uma dificuldade do diagnóstico cirúrgico e histopatológico. Nestes casos, o estudo imuno-histoquímico é indispensável para a realização de um diagnóstico preciso. A CRS associada à HIPEC, aumenta a sobrevida em pacientes em estágios avançados. A abordagem combinada consiste na associação de ressecções viscerais e peritoniectomias, visando o tratamento da doença macroscópica com a quimioterapia intraperitoneal, uma abordagem locoregional para a doença microscópica. O Índice Carcinomatose Peritoneal (PCI) é a avaliação clínica que identifica tanto o tamanho do implante, quanto a distribuição dos nódulos na superfície do peritônio. Os pacientes aptos à HIPEC devem ter o PCI menor do que 13, pois estes possuem um prognóstico mais favorável. O PCI clínico determinado da paciente foi de 12. Entretanto, a avaliação mais definitiva utilizada para determinar o prognóstico da neoplasia peritoneal é um nível da citorredução completa (CC), que varia de CC0 a CC3. É importante atingir o CC0, que corresponde à ausência de doença peritoneal após a citorredução. O nível de citorredução completa da paciente foi CC0, fato que definiu uma sobrevida em uma paciente com neoplasia maligna peritoneal.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Luísa Freire Barcelos, Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Paula Andreza Loures, Vanessa Mahamed Rassi, Alexandre Meneses de Brito, Lercion José Carvalho, Jales Benevides Santana Filho