Dados do Trabalho
TÍTULO
RECONSTRUÇAO DE DEFEITOS EXTENSOS EM REGIAO DORSAL
INTRODUÇÃO
O fechamento de defeitos extensos em região dorsal é um problema desafiador. O método de escolha usual para reconstruções pós-ressecções traumáticas é o retalho miocutâneo do músculo grande dorsal (RMGD), uma vez que apresenta grande viabilidade de tecido muscular e confiabilidade anatômica de vasos subescapular e toracodorsais. Contudo, existe desvantagem em seu uso no reparo de defeitos extensos, pois oferece pequena quantidade de pele para ser incluída na correção, a fim de se obter fechamento primário da área doadora . Uma solução para tal dificuldade é combinar essa técnica com enxertos de pele, entretanto, esse método pode acarretar déficits de cicatrização e causar deformidades. Nesse contexto, para adequada reconstrução de defeitos em região dorsal, deve-se realizar planejamento de retalho musculocutâneo do latíssimo dorsal, a fim de que não sejam necessários enxertos de pele.
RELATO DE CASO
Mulher, 44 anos, apresentou histiocitoma fibroso maligno da região escapular direita. A ressecção ampla do tumor resultou na exposição de borda medial da escápula e em defeito cutâneo de 40 cm². Para reconstrução da pele, foi utilizado um RMGD coletado do lado direito, com área de 60 cm². A ilha de pele foi projetada de modo que seu eixo longitudinal fosse perpendicular à linha de menor tensão de pele no local receptor, determinada pelo pinch teste. O desenho dos retalhos baseou-se no defeito de pele original acrescido de modificações oriundas da tentativa de fechamento primário da área doadora. A partir dessa técnica, executada com paciente em decúbito lateral, o defeito foi parcialmente fechado em ambas as extremidades e o retalho foi transferido para o defeito remanescente através de túnel subcutâneo. Como resultado, a área doadora foi fechada principalmente e o pós-operatório não apresentou intercorrências. 4 meses após a operação, o efeito estético foi satisfatório, com deformidades mínimas em contorno e nenhum distúrbio funcional.
DISCUSSÃO
O histiocitoma fibroso maligno trata-se de um sarcoma de tecidos moles agressivo, acomete mais adultos jovens do sexo masculino e ocorre frequentemente no músculo esquelético de extremidades, cavidade abdominal ou retroperitônio. O RMGD tem sido uma opção para diversos procedimentos de reconstruções. Sabe-se que o sucesso dessa técnica depende de planejamento do retalho além da preservação do suprimento sanguíneo, da tensão sobre o pedículo e das suturas na margens distais. De forma geral, na literatura, esse método é mais utilizado para cobertura de defeitos anteriores ou anterolaterais do hemitórax, como em correções mamárias, apresentando poucas demonstrações em correções dorsais, como a realizada nessa paciente. A partir do relato em questão, percebe-se que o planejamento de RMGD, baseando-se no defeito de pele original e nas modificações advindas do fechamento primário de área doadora resultaram em boas repercussões estéticas e funcionais, de modo a demonstrar o sucesso da técnica.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)
Instituições
HRAN - Distrito Federal - Brasil
Autores
João Lucas Farias do Nascimento Rocha, Renata Bonfim de Lima e Silva, Rodrigo Soares Pereira , Thaiane da Guia Rosa Fioravante, Carolina Martins Vissoci, Ivam Pereira Mendes Neto