TÍTULO

TRATAMENTO LAPAROSCOPICO DE PERFURAÇAO GASTRICA E HEPATICA POR ESPINHO DE PEIXE

INTRODUÇÃO

A ingestão de corpo estranho é uma causa comum de busca por consulta médica em serviços de emergência. A maioria dos corpos estranhos ingeridos atravessa o trato gastrointestinal e é excretada nas fezes sem causar lesões ou complicações. Dados da literatura sugerem risco de 1% de perfuração. Intervenções cirúrgicas acontecem em apenas 1 a 14% dos casos de ingestão de corpo estranho e há poucos casos descritos com diagnóstico e tratamento por laparoscopia. Relatamos o caso de uma paciente com quadro de abdome agudo devido a perfuração do antro gástrico por espinho de peixe que transfixou o lobo hepático esquerdo com diagnóstico feito por tomografia computadorizada de abdome e tratamento por videolaparoscopia.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 38 anos, previamente hígida, chega ao nosso serviço com história de dor abdominal de início súbito há aproximadamente 03 dias com piora no último dia. Realizado tomografia computadorizada de abdome que evidenciou pequeno pneumoperitoneo junto à pequena curvatura gástrica e processo inflamatório junto ao antro gástrico. Foi submetida à videolaparoscopia que evidenciou perfuração do antro gástrico por espinho de peixe que transfixou o lobo hepático esquerdo. Retirado o corpo estranho, suturado estômago e realizada lavagem da cavidade abdominal com soro fisiológico em grande quantidade e colocado drenos por videolaparoscopia. Boa evolução pós-operatória, com alta hospitalar no terceiro dia após a cirurgia.

DISCUSSÃO

A ingestão de corpo estranho é uma situação clínica mais comum em pacientes com doenças psiquiátricas, crianças e idosos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária como demonstrado pelo presente relato de uma mulher jovem previamente hígida. O osso de peixe é a principal causa de perfuração do trato gastrointestinal por ingestão de objetos estranho. No caso da paciente relatada, temos uma complicação rara, já que os dados da literatura sugerem um risco de perfuração em torno de 1%. Além disso, a perfuração muitas vezes ocorre na região ileocecal ou no retossigmóide, em porções após o estômago e duodeno, em áreas de angulação. A taxa de mortalidade permanece extremamente baixa em vários estudos de caso de pacientes que ingeriram corpo estranho. A tomografia computadorizada é o método de imagem preferido no pré-operatório para corpos ingeridos e complicações relacionadas. Terapia endoscópica, procedimentos radiológicos intervencionistas, laparoscopia ou laparotomia são opções de tratamento na presença de corpo estranho no trato gastrointestinal. Há poucos casos clínicos descritos com diagnóstico e tratamento por laparoscopia, já que a grande maioria dos casos não necessita de intervenções cirúrgicas e majoritariamente os casos não ocorrem no estômago, mas sim em porções do intestino que necessitam de ressecções e anastomoses e essas acabam sendo realizadas por cirurgia convencional.