Dados do Trabalho


TÍTULO

FASCIOTOMIA EM PACIENTE COM SINDROME COMPARTIMENTAL DECORRENTE DE ACIDENTE BOTROPICO NA AMAZONIA OCIDENTAL

INTRODUÇÃO

Os acidentes botrópicos assumem importância médica devido a sua frequência e gravidade. No Brasil, entre 2000 e 2017 ocorreram 471.801 casos. Dentre estes, os causados por serpentes do gênero Bothrops são a maioria. Seu veneno possui ação miotóxica, coagulante e hemorrágica, exibindo quadro clínico que cursa com manifestações locais (dor, edema, podendo haver também equimoses e sangramentos) e sistêmicas (hemorragias à distância, náuseas, êmese, sudorese, hipotensão arterial e, com menos frequência, choque). A terapêutica varia conforme o tipo de acidente, o qual pode ser classificado como leve, moderado e grave. Embora seja instituída terapia correta, o paciente pode evoluir com complicações, sendo a síndrome compartimental uma delas. É rara e caracteriza os casos graves, sendo de difícil manejo. Suas manifestações mais importantes são dor intensa e edema, podendo apresentar ainda parestesia, diminuição da temperatura do segmento distal, cianose e déficit motor. Uma vez firmado o diagnóstico, a fasciotomia não deve ser retardada, desde que as condições de hemostasia do paciente o permitam. Assim, este estudo buscou relatar o caso de um acidente botrópico complicado com síndrome compartimental, descrevendo a conduta e evolução. .

RELATO DE CASO

Homem, 62 anos, vítima de acidente ofídico botrópico no seu município de origem, há sete dias, tratado com soroterapia anti-botrópica rapidamente. Buscou atendimento na unidade de referência de urgência e emergência após iniciar quadro de dor intensa em membro inferior esquerdo e edema maleolar medial ipsilateral, associado à hiperemia com linfadenite. Também possuía lesão em maléolo medial esquerdo, medindo cerca de 4cm, com necrose dermo-subcutânea, abcesso local e tempo de coagulação de 1 minuto. Realizou-se drenagem de grande coleção purulenta e foi internado em antibioticoterapia para controle do quadro infeccioso. Progrediu com piora dos sintomas e quadro de parestesia, auxiliando no diagnóstico de síndrome compartimental. Logo, foi submetido à fasciotomia ânteromedial de membro inferior esquerdo e drenagem de abscesso. Fez-se desbridamento de áreas necróticas e limpeza rigorosa com soro fisiológico a 0,9%. O ferimento foi deixado aberto com cobertura abundante de cloranfenicol em gases. No pós-operatório, instituiu-se cefalexina 500mg e cuidados locais com pomada de dexoribonuclease e cloranfenicol até apresentar resolução da infecção. Após cura do quadro infeccioso, permaneceu com extensa área cruenta, sendo submetido à cirurgia plástica para fechamento primário parcial e enxerto dérmico da coxa esquerda na área restante. O paciente evoluiu bem, enxerto em bom aspecto e em alta para domicílio.

DISCUSSÃO

Nota-se, portanto, que apesar do manejo simples, de acordo com a literatura e protocolos vigentes no tratamento ao paciente vítima de acidente botrópico, os casos que apresentam complicações devem ser conduzidos de forma a terem intervenção em tempo e formas adequadas para o correto controle de danos.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED - Rondônia - Brasil

Autores

Matheus Vieira Santos, Felipe Bettero Mendes do Valle, Victor Dall Aglio de Ornellas, Robson Denis de Almeida Miranda, Hannihe Lissa Bergamim, Karine Bruna Soares