Dados do Trabalho
TÍTULO
TRANSPLANTE HEPATICO EM PACIENTE COM HEPATOCARCINOMA-COLANGIOCARCINOMA COMBINADO MULTIFOCAL
INTRODUÇÃO
O hepatocarcinoma (CHC) é uma neoplasia maligna originada dos hepatócitos, cujo diagnóstico pode ser obtido por meio de critérios radiológicos. Raramente, associa-se a um componente de colangiocarcinoma. Nesse sentido, o intuito deste relato é o de evidenciar esta rara apresentação e seu prognóstico adverso, por meio da descrição de caso de um paciente com ambas as neoplasias, submetido a transplante hepático.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 58 anos, ex-tabagista, apresentando, previamente ao transplante hepático, cirrose Child-Pugh B, com escore de 12 no Model for End Stage Liver Disease. À tomografia computadorizada (TC) de abdome foi visualizada lesão única de 32mm, com realce arterial e washout tardio, sugestivo de CHC. Os valores de alfafetoproteína estavam aumentados, o que corroborou o diagnóstico. Foi submetido a transplante hepático, sem intercorrências cirúrgicas e com boa evolução pós-operatória. O explante revelou carcinoma hepatocelular-colangiocarcinoma combinado multifocal, sendo a maior lesão de 49mm. Decorridos 3 meses da cirurgia, paciente apresentou quadro de dispneia progressiva, evidenciando-se, à TC de tórax, enfisema pulmonar e múltiplos nódulos indeterminados. Teve piora do padrão ventilatório, de modo que foram necessárias intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Nova TC revelou aumento dos nódulos em parênquima pulmonar, apesar da utilização de esquema antimicrobiano e antifúngico de amplo espectro. Ademais, observou-se nova elevação nos valores da alfafetoproteína, sugerindo doença metastática pulmonar. O paciente evoluiu com necessidade de parâmetros progressivamente mais elevados de ventilação, até evoluir para o óbito.
DISCUSSÃO
O CHC é responsável por mais de 90% dos tumores malignos primários do fígado, sendo uma das principais causas de mortalidade relacionada ao câncer. Pacientes portadores desta neoplasia com lesão única de até 5 cm e cirrose Child B ou Child C, como no caso, são candidatos a transplante hepático, devido ao seu maior potencial curativo. Segundo os critérios de Milão, para tal terapêutica, leva-se ainda em conta a evidência de metástase, assim como a invasão vascular e o escore MELD. Contudo, em menos de 5% dos casos, há uma associação com colangiocarcinoma intra-hepático - segundo tumor maligno primário de fígado mais frequente, e de difícil diagnóstico. Achado este que corrobora a um comportamento biológico tumoral mais agressivo, no contexto da imunossupressão, podendo evoluir com doença disseminada, como no caso descrito, implicando em baixo ganho de sobrevida mesmo com o transplante. Desta forma, destaca-se a importância de critérios de elegibilidade para o receptor de transplante hepático, valendo-se da defesa de não se empregar esta terapêutica em casos semelhantes ao relatado, visto a escassez de doadores disponíveis, a grande demanda por órgãos e o pior prognóstico quando comparados a casos de CHC sem associação.
Área
FÍGADO
Instituições
Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Bruna da Silva Feitosa, Eduardo Resende Sousa e Silva, Fellipe Marques da Silva Araújo, Laura Viana de Lima, Renata Pereira Fontoura, André Luis Conde Watanabe, Natália de Carvalho Trevizoli, Gustavo de Sousa Arantes Ferreira