Dados do Trabalho
TÍTULO
SINDROME DE BOERHAAVE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A síndrome de Boerhaave é a ruptura esofagiana por aumento abrupto da pressão intraluminal em resposta a esforços de vômitos e contrações diafragmáticas com o piloro e o músculo cricofaríngeo fechados [1]. Sua incidência é de aproximadamente uma em cada dois milhões de pessoas, sendo mais comum em homens de 35 a 55 anos [2]. A taxa de mortalidade situa-se entre 20% e 75%, variando de acordo com o tempo entre seu aparecimento e a intervenção adequada, sendo letal quando não tratada [2]. A ruptura é usualmente longitudinal, ocorrendo em 90% das vezes no terço inferior do esôfago, do lado esquerdo. Essa ruptura é seguida de contaminação grosseira do mediastino e da cavidade pleural, que encerram uma mediastinite química e bacteriana [3].
O diagnóstico é difícil, podendo haver tríade de Mackler (vômito, dor torácica, enfisema subcutâneo), rigidez em andar superior do abdômen, macicez à percussão, sinal de Hamon (ruído de atrito mediastinal), taquicardia e hipotensão [3]. A terapia de escolha é cirúrgica, alternativamente endoscópica ou conservadora [1].
RELATO DE CASO
VOL, homem, 41 anos, com relato de etilismo crônico, foi atendido no PA de Rio Branco, com queixa de epigastralgia de média após apresentar vários episódios de vômitos por 3 dias. Exame físico: desidratado (+/4+), com FC 85bpm, apresentava dor a palpação profunda do epigástrio. Realizada propedêutica, Rx tórax, esofagograma baritado, hemograma mostrando leucocitose (19900/mm³). Solicitou-se a avaliação da cirurgia geral e torácica. Após essa, notou-se que o paciente tinha evoluído para dispnéia, taquipnéia, rigidez em andar superior do abdômen, enfisema subcutâneo.
Confirmada a síndrome de Boerhaave a partir dos sintomas, paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico. Na toracotomia anterolateral à esquerda notou-se 1 litro de líquido marrom, bário, abaulamento do mediastino posterior (MP) havendo líquido entérico, restos alimentares e perfuração em terço distal do esôfago. Submeteu-se a debridamento amplo do MP e espaço pleural a esquerda, passagem da sonda nasoentérica após a lesão; sutura da lesão sobre o dreno de Kehr com prolene 3-0, com pontos contínuos, lavagem exaustiva da cavidade; drenagem torácica esquerda anterior e posterior e drenagem torácica direita com saída do líquido marrom durante a passagem do dreno à direita; exteriorização do dreno na linha hemiclavicular esquerda.
DISCUSSÃO
Em perfuração esofágica com diagnóstico precoce (menos de 12 horas), o fechamento primário da lesão com ampla drenagem torácica e mediastinal é o padrão ouro [1]. A conduta nos casos de diagnóstico tardio é controverso: o fechamento primário da lesão com ou sem reforço é o tratamento mais adequado, sendo o modo mais simples, porém, trazendo maiores índices de falha terapêutica e mortalidade, pois as condições locais e do próprio esôfago não são propícias à cicatrização, ocorrendo, na maioria das vezes, deiscência da sutura e piora do quadro de mediastinite, que pode levar ao óbito.
Área
ESÔFAGO
Instituições
Universidade Federal do Are - Acre - Brasil
Autores
André Adler Batista Paulino, Danilo Milhomens Neiva, Everton Gentil Beltrame, Fernanda Facincani Medeiros Bezerra, João Marcos Santos Silva, Larissa Martins Peluso, Samara Duarte Oliveira, Hercules Magalhães Olivense Carmo