Dados do Trabalho
TÍTULO
UMA ANALISE CIRURGICO-TECNOLOGICA E ETICA DOS TRANSPLANTES COM BASE NA CIENCIA APLICADA NA OBRA DE FRANKENSTEIN, DE MARY SHELLEY
OBJETIVO
Correlacionar os aspectos tecnológicos e éticos dos transplantes de órgãos com a contemporaneidade científica e moral inserida na obra Frankenstein, de Shelley.
MÉTODO
Trata-se de uma análise cirúrgico-tecnológica e ética da realização de transplantes com base na obra Frankenstein. Realizou-se uma busca nas bases de dados SCIELO e PubMed, entre janeiro e fevereiro de 2019, com os descritores “cirurgia”, “transplante” e “ética”. Realizou-se também uma análise tanto da obra literária “Frankenstein” como de textos críticos sobre ela.
RESULTADOS
Transplantes são procedimentos complexos, que exigem recursos materiais, humanos especializados, e alto nível técnico. Sua efetivação envolve várias etapas, desde a identificação e manutenção de um paciente com os critérios de morte encefálica até a continuidade dos tratamentos com imunodepressores.
No Brasil, os transplantes de órgãos iniciaram-se na década de 60. Por quase 30 anos, de 1968 a 1997, a atividade era desafiadora aos médicos que se arriscavam, remetendo ao heroísmo do movimento literário vigente à época de Frankenstein, o Romantismo – Victor tentou, como o herói mitológico, alcançar segredos proibidos: inverter os processos da morte, coletando e juntando peças anatômicas humanas para restaurar a vida de onde ela desapareceu, com técnicas como galvanismo, uso ilegal de cadáveres em estudos e vivissecções.
Historicamente, os transplantes foram regulamentados no Brasil em 1977. Desde então, a medicina tem constantemente ampliado seu arsenal tecnológico, tornando possível, e de notória eficácia, a reparação/substituição de órgãos e utilização de próteses. Tal contexto permitiu manter com vida muitos pacientes que não tinham possibilidade de sobreviver a patologias. Segundo Shelley, a descoberta que Victor faz do segredo da vida depende essencialmente da tecnologia aplicada às ciências médicas – a animação do corpo no monstro é descrita como um mero truque de tecnologia (on the working of some powerful engine).
Do ponto de vista ético-moral, a Science de janeiro de 2018 traz uma proposta interessante de Jon Cohen: supondo um Frankenstein real, questionam-se quais seriam ou se haveriam a sua época avaliações éticas de seu procedimento. Trazendo a atualidade, nota-se que o processo de doação de órgãos – algo comprovadamente benéfico - está permeado por questões que envolvem a moral humana. Os relatos apontam para um processo difícil, marcado por conflitos com o significado da morte, o conhecimento sobre o processo de doação de órgãos, legislação referente e a humanização do processo.
CONCLUSÕES
A obra Frankenstein aborda tópicos relevantes na medicina atual, contemplando os âmbitos cirúrgico-tecnológico e ético, além de variáveis comportamentais. Dentro deste, nota-se uma inversão de valores: o que antes criou um monstro, hoje é fundamento de uma das mais apreciadas técnicas médicas – a transplantação.
Área
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
Instituições
Uniceub - Distrito Federal - Brasil
Autores
Clara Demeneck Pereira, Marcella Resende Monteiro Prado, Raphael Camargo Jesus, Mariana Oliveira Santana, Vitor Teixeira Holanda Chaves Macedo, Rafael Campos Guedes, Luis Otavio Amarante Franco, Jordano Pereira Araujo (TCBC)