Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE QUEBRA-NOZES: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A síndrome de quebra-nozes (SQN) é uma doença rara caracterizada pela compressão da veia renal esquerda (VRE) pela artéria mesentérica superior (AMS) em sua passagem entre esta e a aorta abdominal (SQN anterior). O objetivo deste relato foi descrever um caso de SQN em uma paciente com quadro de dor pélvica crônica e cólicas renais episódicas à esquerda que evoluíram com hematúria macroscópica, a fim de propagar a possibilidade diagnóstica dessa síndrome em pacientes com quadro semelhante.

RELATO DE CASO

F.A.A., feminino, 28 anos, com cólicas renais episódicas à esquerda, dor pélvica crônica com piora da intensidade em períodos peri-menstruais, mormente à esquerda e quadro de hematúria macroscópica associada à piora do quadro álgico. Nega história familiar de hematúria ou doença renal. Ao exame físico: dor à palpação em FIE, descompressão brusca e sinal de Giordano negativos. Propedêutica laboratorial sem alterações. Ausência de cálculo renal à ultrassonografia ou tomografia computadorizada (TC). À TC: numerosas varizes pélvicas e uterinas à esquerda. Angiotomografia (angio-TC) venosa de abdome e pelve: redução do ângulo aorto-mesentérico com severa compressão da VRE, dilatação de veia gonadal esquerda (VGE), varizes pélvicas e uterinas exclusivamente à esquerda, determinando diagnóstico de SQN anterior. Foi realizado procedimento cirúrgico endovascular com implante de stent auto-expansível de nitinol em VRE, com sucesso terapêutico.

DISCUSSÃO

A SQN é uma doença pouco descrita na literatura, com maior prevalência no sexo feminino e idade de apresentação bimodal: jovens entre 20 e 30 anos e adultos de meia-idade (HANGGE et al., 2018). A SQN anterior caracteriza-se pela compressão da VRE, causada pela diminuição do ângulo entre a aorta abdominal e a AMS. Na SQN posterior (atípica), a VRE é retroaórtica e comprimida entre a coluna vertebral e a aorta abdominal (HANGGE et al., 2018). Pode-se encontrar varizes pélvicas, dispareunia, varicocele, hematúria micro ou macroscópica, proteinúria, hipertensão renovascular, dismenorreia e dor em flancos (MACEDO et al., 2018). Para diagnóstico, a TC é o exame de escolha e pode evidenciar circulação colateral no hilo renal, opacificação da VGE (inferindo refluxo) e redução do ângulo aortomesentérico (<10º). O Doppler pode revelar aumento > 5 vezes na velocidade do fluxo na passagem pela AMS em relação ao hilo renal e aferição via cateterismo do gradiente venoso entre a veia renal e a cava inferior ≥ 3 mmHg. Na angio-TC ou angiorressonância, o ângulo aorto-mesentérico é < 45º (MACEDO et al., 2018). O tratamento conservador é utilizado em pacientes jovens pouco sintomáticos. O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com sintomas severos ou com sintomas persistentes há mais de 6 meses no adulto e 24 meses em menores de 18 anos. Há a possibilidade de métodos cirúrgicos abertos, laparoscópicos ou cirurgia endovascular. As técnicas de cirurgia endovascular incluem a embolização da VGE e a colocação de stent (MACEDO et al., 2018).

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANA PAULA PEREIRA GUIMARÃES, THIAGO ADRIANO SILVA GUIMARÃES, MARIA KAROLINE SOUZA CHAGAS, EDSON ANTONACCI JUNIOR, DIEGO SANTOS FREITAS, LORENA SANTOS BORGES, NATANE MIQUELANTE, JÚLIO CÉSAR SANTOS SILVA