Dados do Trabalho


TÍTULO

ASCITE QUILOSA APOS RESSECÇAO DE TUMOR RENAL EXTENSO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A ascite quilosa, definida como o extravasamento de líquido linfático na cavidade peritoneal, pode surgir após trauma ou procedimento cirúrgicos em que haja manipulação da cisterna do quilo ou do ducto torácico. Pode ser diagnosticada por paracentese e a análise bioquímica do líquido ascítico, que geralmente possui coloração leitosa, com um alto conteúdo proteico e níveis elevados de triglicerídeos. O tratamento pode ser cirúrgico - com a sutura ou ligadura da estrutura lesada – que muitas vezes é de difícil identificação no intra-operatório, ou clínico, consistindo principalmente em jejum e nutrição parenteral total (NPT). O papel do octreotide no tratamento da ascite quilosa ainda não se encontra bem estabelecido.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 32 anos de idade, diagnosticado com volumoso tumor renal em rim direito, com extensão para veia renal e ocupando totalmente a luz da veia cava inferior desde a confluência das veias ilíacas comuns até o átrio direito. Os principais sintomas eram dor lombar e anemia. Não havia ascite ou edema de membros inferiores digno de nota no momento do diagnóstico. Foi submetido então à cirurgia com laparotomia e esternotomia mediana, nefrectomia direita, extração de trombo tumoral da veia cava inferior por meio de cavotomia transversa, posteriormente reconstruída com enxerto autólogo de pericárdio. Foi colocado em circulação extra-corpórea para acesso ao átrio direito e remoção de trombo tumoral intracardíaco. Foi realizada também a dissecção da veia cava inferior retrohepática para adequada remoção de trombo tumoral deste segmento da cava e do interior das veias hepáticas. O paciente apresentou boa recuperação pós-operatória, recebendo alta hospitalar, porém retornou ao pronto-socorro do hospital com desconforto abdominal e respiratório relacionado a volumosa ascite. Foi realizada paracentese, com saída de 5000ml de líquido de aspecto leitoso, cuja análise bioquímica revelou alto concentração de triglicerídeos. Foi diagnosticado com ascite quilosa, por provável lesão da cisterna do quilo durante a dissecção e manipulação da veia cava inferior. Foi iniciado tratamento conservador para a fístula, com jejum absoluto oral e nutrição parenteral total. O paciente apresentou boa evolução com o tratamento, não sendo necessária a realização de outras paracenteses, regressão da ascite residual, mesmo após progressiva reintrodução da dieta oral, iniciada no 7 dia de internação. O paciente recebeu alta hospitalar 14 dias após a reinternação, em bom estado geral, sem ascite perceptível e com boa aceitação da dieta oral.

DISCUSSÃO

A ascite quilosa, ocasionada por lesão e fístula da cisterna do quilo ou do ducto torácico, é uma complicação incomum de cirurgias abdominais de grande porte, com manipulação do retroperitônio. O seu tratamento cirúrgico é desafiador, visto a dificuldade de identificar o local exato do vazamento. O tratamento conservador pode ser uma opção adequada para o tratamento inicial na maioria dos casos, como descrito.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, Leonardo Augusto Lima Farias, Fernando Fontes Souza, Adriano Pamplona Torres, Bruno Luis Oliveira Correa