Dados do Trabalho


TÍTULO

SALPINGITE por corpo estranho intravaginal

INTRODUÇÃO

A presença de corpos estranhos intravaginais corresponde a mais de 10% das causas de corrimento vaginal sanguinolento em adolescentes e é responsável por 4% das consultas médicas nessa faixa etária. Sua principal causa é abuso sexual seguida de distúrbio comportamentais.
As manifestações clínicas encontradas em presença de corpos estranhos intravaginais são dor vaginal e pélvica, corrimento sanguíneo, febre, inapetência e recolhimento da adolescente acompanhado de tristeza. Por medo ou vergonha, a adolescente pode esconder essa agressão e permanecer com o corpo estanho por tempo prolongado.
Este relato apresenta o caso de corpo estranho intravaginal retido por dois anos.

RELATO DE CASO

Uma adolescente de 15 anos, viciada em drogas procurou o serviço médico do da Santa Casa de Belo Horizonte com queixa de dor abdominal, associada a disúria e corrimento vaginal fétido durante o período de dois anos. Nesse tempo, a paciente emagreceu 10 kg.
Essas manifestações surgiram após abuso sexual, que a paciente não soube relatar adequadamente, por ter ocorrido enquanto ela estava sob efeito de alucinógeno. Ao exame físico o abdome era doloroso à palpação no hipogástrico, onde era percebida uma massa rígida. Ao toque vaginal, foi diagnosticou-se um corpo estranho semelhante a um copo, com orifício de 2,5 cm de diâmetro e que foi confirmado ao exame especular. O exame ultrassonográfico confirmou o corpo estranho endovaginal e revelou espessamento das tubas uterinas.
Desde a introdução do corpo estranho, a paciente foi tratada de infecções urinárias recorrentes e salpingíte crônica por vários médicos, que não a examinaram.
Sob bloqueio anestésico raquidiano e após cateterização vesical apenas peroperatória, o corpo estranho foi removido completamente por via vaginal . Constatou-se ser uma tampa de frasco de aerossol. Não houve lesão da vagina, uretra ou útero decorrente do corpo estranho ou de sua retirada.
A paciente foi tratada com ciprofloxacino 400 mg 12/12h associado a clindamicina 600 mg 8/8h durante sete dias a partir do pré-operatório imediato. A evolução pós-operatória foi sem intercorrências e a alta foi dada ao final da antibioticoterapia, no sétimo dia. Durante o acompanhamento ambulatorial pelo período de um ano, não foram registradas complicações nem novos episódios infecciosos.

DISCUSSÃO

Lesões por corpos estranhos intravaginais causam até em 10% das vaginites nessa faixa etária e manifestam-se com corrimento vaginal sanguinolento, acompanhado de dor local e pélvica. O exame físico cuidadoso detecta o corpo estranho. Exames de imagens incluindo ultrassom, radiografia pélvica, tomografia e ressonância magnética são utilizados para dimensioná-lo e indicar sua relação com as estruturas da região, bem como outras afecções locais, que podem ou não ser causadas pelo corpo estranho. Um corpo estranho intravaginal negligenciado pode provocar isquemia, necrose por pressão e úlcera com perfuração da vagina, causando fístulas vesicovaginal, retovaginal.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

santa casa de belo horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

Neemias moreira da silva junior, Andy Petroianu, kelly Renata Sabino