Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DE CURATIVO A VACUO EM NECROSE CUTANEA EXTENSA - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A deiscência de sutura de aponeurose com evisceração de alças intestinais é uma das complicações mais temidas em cirurgias de cavidade abdominal. Ocorre em até 6% das laparotomias com taxa de mortalidade variando entre 9-44%. Diversos fatores estão associados à sua maior incidência, dentre eles, o aumento da pressão intra-abdominal (tosse, vômitos, íleo metabólico).

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 81 anos, hipertenso, proveniente do ambulatório do Serviço de Cirurgia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, submetido à colonoscopia em Novembro de 2018, a qual evidenciou lesão ulcerada em cólon sigmóide distal. Análise histopatológica evidenciou adenocarcinoma bem diferenciado. Admitido em enfermaria para realização de tratamento cirúrgico. Submetido à retossigmoidectomia com anastomose primária término - terminal com grampeador circular, síntese da aponeurose com fio Prolene 0, pontos em chuleio simples e síntese da pele com fio Nylon 3.0 em pontos simples. Evoluiu satisfatoriamente em pós-operatório imediato, obtendo alta hospitalar. No décimo sétimo dia de pós-operatório, retorna à Emergência apresentando eliminação de secreção volumosa pela ferida operatória, de aspecto sero-hemático e deiscência de pontos de sutura da pele. Optou-se pela internação e acompanhamento hospitalar da evolução do quadro. No segundo dia de internação, apresentou exposição de alças intestinais entre os pontos de deiscência. Submetido à laparotomia exploradora, a qual evidenciou segmento de íleo de 5 cm com aspecto isquêmico. Realizada enterectomia segmentar com anastomose látero-lateral com grampeador linear e ressíntese de aponeurose com fio Prolene 0 em chuleio simples e fio Prolene 2 em pontos simples de reforço. Realizada, ainda, incisão de relaxamento bilateral. No quarto dia de pós-operatório, evoluiu com necrose cutânea ao redor dos pontos de sutura, da cicatriz umbilical até região suprapúbica. E no oitavo dia, com infecção de ferida operatória. No décimo quarto dia, iniciou desbridamento químico com papaína a 10% e no décimo nono dia, a terapia com curativo à vácuo. Mantém evolução progressiva e satisfatória da ferida operatória após vinte dias de terapia à vácuo, com trocas regulares a cada quatro dias, aguardando reaproximação dos bordos para posterior acompanhamento ambulatorial com Comissão de Cuidados de Feridas.

DISCUSSÃO

A deiscência de suturas com evisceração de alças intestinais é complicação potencialmente fatal, especialmente na população idosa. No caso relatado, o paciente apresentava, além da idade, outros fatores de risco para esta complicação, tais como obesidade e padrão ventilatório restritivo (ex-tabagista), com respiração predominantemente abdominal. Nesse caso, o curativo à vácuo funciona como um enxerto de pele temporário, estimulando a formação acelerada de tecido de granulação e reduzindo a colonização bacteriana, apresentando bom custo-benefício nessa população, tendo em vista as consequências nefastas de uma infecção cutânea extensa.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Alberto Freaza Lobao Bastos, Vivian de Menezes Silva Corraes, Carolina Principe do Amaral Inneco, Gabriela Viana Vizzoni, Alexandre Cerqueira, Joaquim Ribeiro Filho