Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DE BALAO HIDROSTATICO INTRA-HEPATICO EM TRAUMAS PENETRANTES

INTRODUÇÃO

A localização anatômica e o tamanho fazem do fígado um alvo em traumas abdominais. Cerca de 72,73% dos traumas toracoabdominais acometem o fígado e atingem uma mortalidade global de 10%. Dentre as lesões hepáticas, 10-30% são complexas e o controle do sangramento é um desafio para cirurgiões por evoluir a uma tríade letal formada por acidose, coagulopatia e hipotermia.

RELATO DE CASO

UAP, 37 anos, feminino, deu entrada no Hospital de Urgências de Goiânia vítima de projétil de arma de fogo com entrada em região de transição tóraco-abdominal em dorso a direita e saída em hipocôndrio direito, estável hemodinamicamente. Solicitada tomografia computadorizada evidenciando moderada quantidade de líquido livre na cavidade sugestivo de hemoperitônio e lacerações profundas acometendo segmentos V, VI, VII e VIII com flush de contraste nas fases arterial e venosa. Feito laparotomia exploradora com confirmação dos achados. Paciente apresentou choque hipovolêmico refratário durante procedimento, sendo optado por cirurgia de controle de danos com colocação de três compressas em espaço sub-frênico e sub-hepático a direita, cessando sangramento pelo envelopamento hepático. Paciente reabordada em 48 horas, sendo identificada lesão hepática tunelizante com sangramento ativo de pequena monta, sendo passado balão intra-hepático confeccionado com dreno laminar n° 3 e sonda de Foley 18Fr insuflado com soro fisiológico transpassado pelos orifícios de entrada e saída no fígado e exteriorizado na pele. Com boa evolução clínica, balão retirado após 12 dias. Paciente retornou no 28° pós operatório, com saída de secreção purulenta pelo orifício do balão, com coleção de 60 mL sendo passado dreno tubular, lavagem diária da loja com soro fisiológico e feito Cefepime por 21 dias. Após boa evolução clínica, segue em acompanhamento ambulatorial no serviço.

DISCUSSÃO

Em traumas hepáticos penetrantes, o tratamento não operatório deve ser considerado apenas em casos com estabilidade hemodinâmica, ausência de peritonite, evisceração e empalamento. O manejo do paciente é determinado por sua condição clínica, presença de lesões associadas e ao grau da lesão hepática. Por conseguinte, diversas técnicas operatórias foram e vem sendo desenvolvidas a fim de se obter o melhor controle hemorrágico nesses casos. No Brasil, Morimoto e colaboradores (1987) descreveram o uso de balão intra-hepático para hemostasia, combinando Sonda de Foley a um dreno laminar insuflado de forma seletiva com solução salina ou contrastada. O tempo ideal de permanência está entre 7 a 10 dias, devendo-se manter a drenagem da cavidade por no mínimo 24 horas após retirada do balão a fim de se detectar possíveis sangramentos e drenagem de bile. É um método de fácil execução, que ao permitir o controle da insuflação diminui eventos sequelares isquêmicos, o tempo operatório e a necessidade de reoperação para retirada do balão, sendo, portanto, uma alternativa valiosa em abordagens de lesões hepáticas complexas de difícil controle hemorrágico.

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL DE URGÊNCIAS DE GOIÂNIA - Goiás - Brasil

Autores

GABRIEL AMORIM BRITO, BEATRIZ FERREIRA BUENO, DÉBORA AMORIM BRITO, RENATO LIMA CAMBOTTA, ELPÍDIO SOUSA SANTOS NETTO, WELLINGTON JOSÉ SANTOS, JOHN KENNEDY SOARES BARROS, EDSON TADEU MENDONÇA