Dados do Trabalho
TÍTULO
QUIMIOTERAPIA HIPERTEMICA ASSOCIADA A CITORREDUÇAO CIRURGICA EM PACIENTES PORTADORES DE CARCINOMATOSE PERITONEAL
INTRODUÇÃO
Quimioterapia hipertérmica intraperitoneal é tratamento regional com administração de quimioterápicos (qt) na cavidade peritoneal após citorredução cirúrgica. Utilizada em neoplasias do peritônio, é escolha para pacientes portadores de carcinomatose peritoneal.
RELATO DE CASO
Realizou-se o procedimento em 2 pacientes: HBA, feminina, 80 anos, portadora de HAS e DM, com cistoadenocarcinoma seroso colorretal de alto grau em tratamento com 8 ciclos de paclitaxel e Carboplatina. Para avaliação inicial, foi realizado ressonância magnética (RM) para o estudo da evolução da doença metastática que demonstrou lesões em sigmoide, deflexões pélvicas e peritônio visceral. Através desta, classificamos também os sítios anatômicos e o tamanho das lesões através do Peritoneal Cancer Index (PCI), que demonstrou inicialmente, PCI de 35 e, após o tratamento quimioterápico, de 18, tornando a paciente elegível ao procedimento. Com duração de 6 horas, realizou-se peritonectomia total, colectomia total, colecistectomia e histerectomia total. Posteriormente, foi aplicado qt melfalano 60mg/m2 em 3 L de cristalóide à 40°C, em toda cavidade peritoneal por 1 hora. Lavou-se a cavidade peritoneal com cristalóide e realizou-se ileostomia. No pós operatório imediato (POI), queixou-se de dor abdominal, leve intensidade, que respondeu ao manejo clínico. No 4º dia de POI houve melhora da função renal e hepática. No 5º dia POI foi iniciado dieta oral líquida. No 7º dia de POI paciente veio a óbito devido IAM.
JBMM, masculino, 66 anos, portador de DM, HAS e hipotireoidismo, com diagnóstico de tumor de reto recidivado, em tratamento com Radioterapia associada a capecitabina. Demonstrou RM com reto com paredes espessadas e metástases em peritonio pelvico. Através desta, pontuou 16 pontos no PCI e, após quimioterapia manteve a pontuação. Durante o pré-operatório foi submetido ao Enhanced Recovery After Surgery Programs (ERAS) por 6 semanas visando diminuir a morbi-mortalidade. Com duração de 6 horas, realizamos peritonectomia total, incluindo pélvico, omentectomia maior, ressecção de nódulos do intestino, reto e canal anal e colecistectomia. Foi administrado o mesmo esquema qt e confeccionado colostomia. No POI permaneceu em uso de noradrenalina em baixa dose por 6 dias, contudo, sem disfunção orgânica grave. No 3º dia iniciou a progressão de dieta. Após 10 dias evoluiu com úlcera duodenal tratada endoscopicamente. Recebeu alta após 20 dias da cirurgia e segue em franca melhora clínica.
DISCUSSÃO
A disseminação peritoneal é determinante que afeta a sobrevida das neoplasias gastrointestinais. A prática atual determina que caso haja esse achado intra-operatório, o cirurgião diminua seus esforços adicionais em uma intervenção cirúrgica definitiva. Após os anos 80, o protocolo SUGABAKER, trouxe novas perspectivas, objetificando melhor qualidade de vida, tempo livre de doença e até cura. Ainda incipiente no Brasil, a realização nestes casos pretende ampliar a discussão de tal protocolo na população brasileira.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
Casa de Portugal/ Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Elisabeth Amanda Gomes Soares, Micaela Schreiner Gauer , Daniel Hideo Murai, César Correia Amado, Flávio Antonio de Sá Ribeiro