Dados do Trabalho
TÍTULO
ISQUEMIA DO COTO GASTRICO APOS GASTRODUODENOPANCREATECTOMIA- RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade principalmente por ter diagnóstico tardio e comportamento agressivo. No Brasil é responsável por 4% das mortes por câncer/ ano.
Na década de 80 o tratamento cirúrgico de tumores da cabeça do pâncreas e periampulares era associado à elevada morbimortalidade. O aumento da experiência dos cirurgiões, avanços das técnicas cirúrgicas, melhorias nos cuidados pré, intra e pós-operatórios, mudaram esse cenário e tornaram a cirurgia parte fundamental do tratamento.
Dentre as complicações mais frequentes encontramos a fístula pancreática, infecções de ferida operatória, sepse, hemorragias, estase gástrica e pneumonia.
Os autores relatam uma complicação raramente descrita e reforçam a importância da determinação da conduta frente à deterioração clínica do paciente
RELATO DE CASO
Paciente GM, 65 anos, masculino, com quadro de icterícia progressiva, sensação de plenitude pós prandial e perda ponderal de 8 kg em 3 meses.
Exames: CEA: 2808, CA 19.9: 1250. Ressonância revela cisto na cabeça do pâncreas medindo 30x22x18 mm. Ecoendoscopia e CPRE: imagem anecoica 27 mm apresentando no seu interior componente sólido. Anatomopatológico: neoplasia cística mucinosa.
O paciente foi submetido a gastroduodenopancreatectomia. Realizado secção dos vasos gastroduodenais, gastroepiploicos direitos e pancreatoduodenais e antrectomia ao nível de terceiro vaso da pequena curvatura. Confeccionadas anastomoses pacreatojejunal do tipo invaginação, hepaticojejunal, gastrojejunal em alça única.
Diagnosticada fistula pancreática no 3° dia de pós – operatório pela dosagem de amilase do dreno. No 5° dia pós operatório apresentava-se estável hemodinamicamente, sem dor , porém evoluiu com distensão abdominal, taquipneia, queda do estado geral e drenagem volumosa de secreção pela ferida operatória com aspecto semelhante a do dreno. Optada por reabordagem cirúrgica que evidenciou anastomoses íntegras e presença de necrose do segmento distal do coto gástrico. Realizada degastrectomia com ressecção do segmento isquêmico.
O Paciente evoluiu bem e recebeu alta no dia 20 dia de pós- operatório.
DISCUSSÃO
Dentre as morbidades, a fistula pancreática ocorre em cerca de 20 % dos casos. O paciente em questão teve diagnóstico de fistula classificada como grau A, tratada conservadoramente com sucesso o que corrobora com a literatura.
A isquemia pós- operatória é rara porém está associada a taxas elevadas de mortalidade. Pode ocorrer devido a estenose preexistentes, lesão intraoperatória e trombose. Esta foi a principal suspeita diagnóstica no caso relatado, uma vez que o paciente apresentou focos de infarto esplênico em tomografia de controle. O estudo mais detalhado pré-operatório da vascularização, a manutenção da estabilidade hemodinâmica e cuidado no uso de aminas vasoativas podem minimizar as complicações.
A determinação da reabordagem cirúrgica precoce baseada no quadro clínico do paciente teve implicações satisfatórias no desfecho do caso.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
HOSPITAL IPIRANGA/ UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - São Paulo - Brasil
Autores
ANA PAULA CORRÊA DE BARROS, VITOR HOLZHAUSEN RAMOS, DIEGO PINHEIRO MATHIAS, ANDRE LUIZ MOREIRA SOARES, EMILY ALVES BARROS, ALEXANDRA MESSA CIRLINAS, RONALDO ELIAS CARNUT REGO, MARCO ANTONIO BASSI