TÍTULO

FERIMENTO CARDIACO PENETRANTE EM HOSPITAL TERCIARIO DE MANAUS-AM: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Feridas cardíacas penetrantes, desde a antiguidade e ainda são consideradas um desafio por cirurgiões de trauma devido à sua letalidade e urgência de tratamento. (PEREIRA, 2014).
A cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, encontra-se em terceiro lugar entre as cidades mais violentas do Brasil e ocupa o 11º lugar no ranking mundial, com uma taxa de 70,37 homicídios por 100.000 habitantes (ARAÚJO et al., 2018).

RELATO DE CASO

Homem, 23 anos dá entrada no serviço de urgência e emergência vítima de ferimento por arma branca (faca) em quadrilátero de Ziedler há cerca de 20 minutos após o corrido, encontrava-se em choque grau IV, inconsciente e agônico. Adotadas medidas de suporte, intubação orotraqueal e drenagem fechada de tórax à esquerda com evidência de hemotórax maciço, paciente evoluiu com turgência de jugular e hipofonese de bulhas cardíacas, sendo realizado FAST na sala de emergência que confirmou tamponamento cardíaco. Paciente encaminhado ao centro cirúrgico, optou-se por toracotomia anterolateral esquerda como via de acesso, havia presença de hemotórax residual, cerca de 500 mL, após abertura do saco pericárdico que possuía hemopericárdio (200 mL) foi identificada lesão única de cerca de dois centímetros em ventrículo esquerdo. Realizada passagem de sonda vesical nº 16 pela lesão e insuflação do balonete com o intuito de tamponar o ferimento permitindo a sua rafia, que foi feita com três pontos e “U” com fio inabsorvível 3-0 de polipropileno, não houve penetração na cavidade abdominal, procedeu-se a aproximação do pericárdio com dois pontos separados com fio inabsorvível 3-0 de polipropileno. Paciente evoluiu de forma favorável no pós-operatório recebendo alta no sétimo dia de pós-operatório.

DISCUSSÃO

Em estudo realizado por Costa et al., maioria dos doentes (52,0%) foi operada utilizando-se a toracotomia ânterolateral esquerda para o tratamento das lesões cardíacas, seguida pela esternotomia mediana (24,5%) e pela bitoracotomia (20,5%). A cardiorrafia foi a conduta cirúrgica predominante (98,0%). A média do tempo de internação foi 8,2 dias com intervalo de tempo mais frequente entre cinco e dez dias, 53,3% de 92 doentes internados. O tempo decorrido entre a admissão no pronto socorro e o início da operação foi inferior a 20 minutos em 19,6% dos pacientes; variou entre 21 e 41 minutos em 28,4% dos pacientes e foi superior a 83 minutos em 25,5% dos pacientes. O presente relato adiciona a literatura um caso de ferimento cardíaco penetrante que teve um desfecho bem sucedido devido alguns fatores: tempo decorrido entre o ferimento e a chega ao serviço de urgência e emergência de aproximadamente 20 minutos, drenagem fechada de tórax à esquerda e o rápido diagnóstico de tamponamento cardíaco, sendo realizada toracotomia para tratamento definitivo da lesão além do ferimento ter sido causado por arma branca, que tem uma energia cinética muito menor se comparado aos ferimentos por arma de fogo.