Dados do Trabalho


TÍTULO

PSEUDOMIXOMA PERITONEAL: CIRURGIA CITORREDUTORA COMO MODALIDADE EXCLUSIVA DE TRATAMENTO

INTRODUÇÃO

Pseudomixoma peritoneal (PMP) é um processo maligno abdominal raro, proveniente da ruptura de um adenocarcinoma de ovário ou apendicular. Nessa patologia o peritônio fica coberto por um tumor secretor de muco e com massas císticas. O PMP é mais prevalente em mulheres, entre 50 e 70 anos, assintomático até os estágios mais avançados da doença. Os sintomas são inespecíficos, incluindo dor e distensão abdominal, exame físico podendo revelar distensão e massa palpável em alguns casos. O exame para estadiamento pré-operatório é a Tomografia Computadorizada, os marcadores tumorais atrelam-se a pior prognóstico e taxas de recorrência. O tratamento inclui cirurgia citorredutora dos tumores e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC).

RELATO DE CASO

Paciente feminina, procedente de Céu Azul – PR, 50 anos, realizou apendicectomia em janeiro de 2017 em um hospital de Cascavel-PR, sendo o anatomopatológico compatível com adenocarcinoma moderadamente diferenciado de apêndice, com margens comprometidas.
Encaminhada a um hospital de referência em oncologia na mesma cidade, foi submetida a exames de estadiamento e, sem evidencia de doença metastática, foi realizado ileocolectomia. Anatomopatológico demonstrou ausência de doença neoplásica residual.
No seguimento ambulatorial exames de controle apresentaram focos de espessamento peritoneal, suspeitos para carcinomatose, limitados ao flanco direito e fossa ilíaca direita. Submetida a laparotomia exploradora para biópsia das lesões. Anatomopatológico evidenciou adenocarcinoma mucinoso bem diferenciado - G1 do apêndice infiltrando tecido conjuntivo e adiposo. Foram discutidas as possibilidades de tratamento, sendo indicado peritoniectomia com HIPEC, porém, procedimento não contemplado pelo SUS. Assim, optou-se pela peritoniectomia e citorredução, sendo ressecadas todas as lesões, cirurgia R0, sem necessidade de tratamento adjuvante. Em abril de 2018 apresentou nova recidiva peritoneal, em hipocôndrio e flanco esquerdo e linfonodomegalia retroperitoneal, sendo realizada nova citorredução e linfadenectomia retroperitoneal, com ressecção completa das lesões, cirurgia R0. Anatomotológico demonstrou tecido adiposo e cápsula esplênica infiltrados por PMP e ausência de metástases linfonodais. Após discussão clínica optou-se por não fazer tratamento adjuvante, paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial sem evidências de doença neoplásica.

DISCUSSÃO

PMP é o implante de epitélio mucinoso no peritonio, após a ruptura de uma mucocele do apêndice. Pode acontecer de 5 a 35 anos após a lesão inicial do apêndice, principalmente pela lenta progressão e dificuldade de diagnóstico - característica do PMP de baixo grau, diferente de outras malignidades peritoneais.
Atualmente o tratamento continua sendo a ressecção cirúrgica da lesão e recentemente incluiu-se operação citorredutora combinada com HIPEC. No entanto ele continua sendo de cura difícil, com sobrevida de 5 a 10 anos entre 75% e 60%, respectivamente.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Centro Universitário FAG - Paraná - Brasil

Autores

Patrícia Freitag Ferreira, Júlio Cesar Zanini, Vanessa Carla Trentim, Fernanda Buttura Broetto, Laura Gomes Flores, Micheli Giovana Signor, Cassiana Tomazoni