Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO CIRURGICO DE UM ANEURISMA DE TRONCO CELIACO

INTRODUÇÃO

Os aneurismas de tronco celíaco abrangem cerca de 4% dos aneurismas de artérias viscerais, não chegando a duas centenas de casos publicados. A aterosclerose e as displasias são as etiologias mais comuns, apesar de traumas, infecções e dissecções localizadas também fazerem parte. Distribui-se igualmente entre os sexos e na grande maioria, o diagnóstico é incidental, pois geralmente é assintomático. A identificação precoce é vital para a redução da mortalidade, que pode variar de 5 a 40%. Relatamos um paciente com aneurisma de tronco celíaco, sintomático, que foi submetido à cirurgia.

RELATO DE CASO

Mulher, 52 anos, parda, dona de casa, procurou o pronto atendimento referindo dor abdominal há um mês iniciando em hipocôndrio esquerdo irradiando para dorso, evoluindo com náuseas e vômitos sem alteração de ritmo intestinal. Ao exame físico apresentou dor à palpação profunda de epigastro e hipocôndrio esquerdo sem sinal de irritação peritoneal. TC de abdome contrastada evidenciou aneurisma de tronco celíaco, confirmado posteriormente por arteriografia. Foi realizado tratamento cirúrgico com ligadura de artéria esplênica, hepática comum e gástrica esquerda. Paciente evoluiu com piora do estado geral e uso de vasoativos, sendo reabordada no 9º dia pós operatório, e realizada laparotomia exploratória com esplenectomia. Paciente foi a óbito no 14DPO.

DISCUSSÃO

A incidência estimada de aneurismas de tronco celíaco é entre 0,005% e 0,01%, foi descrito pela primeira vez em 1745, e tem cerca de 178 casos relatados. Este tipo de aneurisma foi também associado com outros defeitos congênitos anatômicos em até 18% dos casos, como aneurisma de artéria mesentérica, ou aneurisma concomitante aorta abdominal infra-renal ou supra-renal. A primeira ressecção cirúrgica com sucesso de um aneurisma visceral foi relatado por Cooley e DeBakey em 1953, e a primeira de um aneurisma da artéria celíaca, por Shumacker em 1958. Desde então, a cirurgia foi o tratamento padrão para este tipo de expansão, incluindo uma variedade de técnicas, tal como endoaneurismorrafia, aneurismectomia simples ou combinada com anastomose aorto-celíaca, hepáticocelíaca, hepático-esplênica à aorta toraco-abdominal com interposição de pontes de veia ou prótese de PTFE, pontes artéria mesentérica superior aorto-celíaca ou aorto-hepática, ou ligadura simples com risco necrose de baço, fígado ou intestino. Alguns autores intervém nesses pacientes nas seguintes indicações: aneurisma sintomático, aneurisma que tem crescido ao longo do tempo, aneurisma mais de três a quatro vezes o tamanho da artéria normal e/ou calcificado. No presente caso, foi realizado laparotomia exploradora, aneurismectomia e ligadura de tronco celíaco evoluindo com a complicação de isquemia esplênica, sendo realizado a posterior esplenectomia, observando, ainda, uma boa reperfusão compensatória hepática, gástrica e intestinal no segundo intra-operatório.

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

Universidade Tiradentes - Sergipe - Brasil

Autores

Osmar Max Gonçalves Neves, Antonio Augusto Machado Teles Filho, Maria Letícia Barreto Fontes Carvalho, Rubens Teixeira Machado, Thaciana Santos Alcântara, Carlos Eduardo Nunes, João Pedro Costa Machado Teles, Mariana Amaral Carvalho