Dados do Trabalho
TÍTULO
ISQUEMIA MESENTERICA AGUDA: DIAGNOSTICO DIFERENCIAL NA SINDROME CORONARIANA AGUDA
INTRODUÇÃO
Apesar de importantes avanços diagnósticos, a identificação precoce da isquemia mesentérica permanece como um desafio na área médica. Em definição, a isquemia mesentérica consiste na perda de suprimento sanguíneo a vasos responsáveis pela circulação intestinal, estando frequentemente associada ao envelhecimento e à presença de comorbidades. É uma patologia preocupante, especialmente pelas altas taxas de morbimortalidade (62,3%).
RELATO DE CASO
E.M., 72, masculino, encaminhado de cidade próxima com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) com dor torácica atípica, queixava de dor abdominal de forte intensidade com irradiação para o tórax e diarreia há 24 horas. Ao exame físico havia dor difusa à palpação, especialmente em hipogastro e periumbilical, mas sem sinais de irritação peritoneal. Exames complementares evidenciaram cardiomegalia, fibrilação atrial e alterações isquêmicas antigas, sugerindo cardiopatia crônica sem tratamento, porém foi descartada a hipótese de Síndrome Coronariana Aguda (SCA). Prosseguiu-se a investigação da dor abdominal, e devido a fibrilação atrial do paciente, suspeitou-se de embolia de artérias intestinais. A angiotomografia de abdome demonstrou trombo semi-oclusivo em artéria mesentérica superior. O paciente foi, então, conduzido imediatamente para cirurgia, na qual foram visualizadas alças intestinais com discreta lentificação da perfusão, porém sem necrose. Foi feita embolectomia da artéria mesentérica superior com saída de moderada quantidade de trombos e retorno do fluxo sanguíneo. As alças intestinais foram preservadas devido boa perfusão. Já no fim da cirurgia, o paciente evoluiu com hipotensão com necessidade de drogas vasoativas, sendo encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva. Não apresentou acidose metabólica nos exames laboratoriais até 30 horas após a cirurgia o que sugeria não haver nova trombose arterial. Entretanto evoluiu com choque cardiogênico grave e óbito após 42 horas da cirurgia.
DISCUSSÃO
Devido a sintomas vagos e comuns com outras patologias, como dor abdominal intensa e inespecífica (BRANDT E BOLEY, 2000), o diagnóstico de isquemia mesentérica é considerado difícil. Ao ponderar sobre essa sintomatologia, a Síndrome Coronariana Aguda tende a ser a primeira linha de raciocínio devido a maior incidência de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, com 0,98% das internações (DATASUS, 2017). Porém, mesmo com 0,1% de internações (WYERS, 2010), a isquemia de artéria mesentérica é mais devastadora, com altas taxas de mortalidade: entre 50 e 90% (FLORIM ET AL, 2017), bem maiores que os 10,66% do infarto (DATASUS, 2017). Assim, constata-se a importância de nem sempre se ater ao diagnóstico mais provável em termos epidemiológicos, executando-se exames físico e complementares detalhados para o diagnóstico adequado precoce. Dessa forma, pode-se garantir melhor prognóstico e evitar óbitos.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil
Autores
Vinícius Henrique Almeida Guimarães, Ana Letícia Freitas-Silva, Renata Kanaan Machado, Carmem Cervera Morelli, Kamila Cristina Santos, Cecília Salazar Ulacia, Beatriz Silva Inácio, Carlos Alfredo Salci Queiroz