TÍTULO

PNEUMOPERITONEO PROGRESSIVO: IMPORTANTE TECNICA NA ABORDAGEM DE HERNIAS VENTRAIS QUE NAO PODE SER ESQUECIDA

INTRODUÇÃO

O pneumoperitônio progressivo é uma ferramenta útil na preparação pré operatória de pacientes com hérnias abdominais gigantes onde houve perda do domicilio. Foi uma técnica descrita em 1940 e permite reparação completa e redução de complicações como síndrome compartimental abdominal e alterações respiratórias restritivas.
Na técnica de Goñi – Moreno usa-se o pneumoperitônio progressivo para ampliar a cavidade peritoneal e assim poder efetuar a correta redução do saco herniário.

RELATO DE CASO

Caso 01: Paciente H.A, 33 anos, sexo masculino, vitima de acidente automobilístico, submetido a laparotomia de urgência, evoluiu com eventração no pós-operatório imediato com posterior hérnia incisional gigante.
Caso 02. Paciente O.P., 67 anos, sexo masculino, submetido à apendicectomia convencional com posterior reintervensão cirúrgica por complicação pós-operatória evoluindo com grande hérnia incisional em fossa ilíaca direita.
Em ambos pacientes foram posicionados em hipocôndrio esquerdo, sobre a linha hemiclavicular, junto ao rebordo costal, cateter vascular de único lúmen e por ele foi insuflado entre 1 e 2 litros de ar ambiente por dia, durante 12 dias, de acordo com a tolerância do paciente.
Após este período, os pacientes foram submetidos à correção das hérnias, com reforço de tela de polipropileno, sem complicações em pós operatório.

DISCUSSÃO

Os avanços das técnicas e nos materiais usados na correção das hérnias são muito importantes na busca de bons resultados, no entanto, a técnica descrita inicialmente por Moreno, não deve ser esquecida.
Essa técnica permite a distensão progressiva da parede abdominal para possibilitar a acomodação das vísceras contidas em saco herniário na cavidade abdominal, com menor tensão possível durante o ato cirúrgico. É um recurso extraordinário para adaptação ventilatória, necessária no pós operatório.
Pacientes com grandes hérnias apresentam defeitos crônicos que alteram progressivamente a fisiologia da parede abdominal. O intestino e mesentério herniados se tornam edematosos devido redução do retorno venoso e linfático secundário à compressão pelo anel fibrótico, o que dificulta a redução.
Durante a realização do pneumoperitônio, ocorre estabilização da forma e função diafragmática, melhorando a função ventilatória. Há distensão da parede e o volume da cavidade abdominal sofre aumento, além de haver lise pneumática de aderências intestinais formadas durante a exposição e desenvolvimento do saco herniário.
Conclusão: A realização do pneumoperitônio progressivo com insuflação de ar ambiente é um importante aliado na correção de hérnias com perda de domicilio, capaz de prevenir importante complicações decorrentes do aumento da pressão intra abdominal e permite a correção da hérnia com menor tensão possível. Desde as complicações evitáveis, no pós operatório, cita-se insuficiência ventilatória decorrente do aumento da pressão intaperitoneal.