TÍTULO

TUBERCULOSE HEPATICA SIMULANDO ABCESSO HEPATICO AMEBIANO

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma das principais causas de morte por doenças infecciosas no Brasil e no mundo.Os pulmões são os órgãos mais afetados,no entanto a forma extra-pulmonar,especificamente a abdominal ocorre em 11% dos casos.A apresentação hépatica é rara,os sintomas e achados radiológicos inespecíficos.Por tratar-se de uma doença considerada problema de saúde pública no Brasil,além de poucas evidências literárias sobre a forma hepática foi o que motivou este relato de caso.

RELATO DE CASO

L.J.B.C,masculino,36 anos, motorista,residente na cidade de Belém-PA,HIV negativo,tratado em junho de 2017 de parasitose por Schistosoma mansoni.Iniciou quadro de febre e dor abdominal(junho/2018) com imagem de coleção hipodensa no espaço hepatorrenal de 5,3x1,7x5,6cm;foi internado em hospital particular para tratamento por suspeita de abcesso hepático amebiano em julho 2018 iniciando ceftriaxona 2g/dia e metronidazol 1,5g/dia, endovenosos;seguido de drenagem hepática guiada por tomografia com saída de pequena quantidade de líquido seroso – sem estudo de culturas devido amostra limitada.Recebeu alta melhorado com manutenção de antibiótico via oral (ciprofloxacino/metronidazol – 10 dias).Em setembro de 2018 manteve queixa de dor abdominal em HD e febre sendo então reiniciada a mesma terapêutica via oral.A tomografia de abdome mostrou coleção hipodensa em segmento VI do lobo direito do fígado (6,8x4,0cm)sugestivo de recoleta de abcesso,sendo então programada (re)drenagem da coleção e realizada em 05/10/2018 com saída de pouco líquido seroso e cultura negativa. Concomitante em seguimento no Instituto Evandro Chagas (IEC),por esquistossomose pregressa e diante irresolubilidade efetiva do quadro em questão,foram analisados exames laboratorias do período,que mantinham padrão de leucócitos normais,contudo elevação de segmentados sendo então suspeitado de tuberculose e solicitado PPD que mostrou-se forte reator.Iniciou,empiricamente, tratamento para tuberculose em outubro de 2018 e desde então paciente assintomático e sem novas coleções intrahepáticas.

DISCUSSÃO

O abcesso hepático amebiano é a apresentação extra-intestinal mais frequente da amebíase.É mais comum em homens entre 30-50 anos com manifestação de dor abdominal e febre como relatado no caso.Tende a cursar com leucocitose sem eosinofilia,elevação de fosfatase alcalina,transaminases,bilirrubina e discreta anemia – não evidenciados neste estudo.O diagnóstico é feito por exames de imagem,sendo o abcesso ambiano hepático caracteristicamente único e em lobo direito.O diagnóstico definitivo é feito através de identificação de Entamoeba histolytica no material aspirado em 50% dos casos.Diante suspeita diagnóstica,baseada na epidemiologia, quadro clínico e achados radiológicos pode ser iniciada terapêutica empírica com eficácia do metronidazol em 90% dos casos.A drenagem percutânea está indicada quando volume do abcesso ultrapassa 150cm³ ou quando não ocorre regressão de tamanho ao uso de antibióticos.