TÍTULO

RESSECÇAO CIRURGICA DE LIPOSSARCOMA MIXOIDE DE MEMBRO INFERIOR, RECORRENCIA COM EXTENSAO PARA SACRO E RETROPERITONIO.

INTRODUÇÃO

Lipossarcomas são tumores provenientes de células mesenquimais primitivas, um dos mais frequentes sarcomas de partes moles ,representando 15% (Gil, 1999). Definido como tumor lipogênico de tecidos moles profundos, raramente se forma a partir de lipomas benignos e não apresenta fator causal completamente conhecido, embora o trauma local tenha sido citado em sua causa. (Raymundo, et al., 2008). O lipossarcoma mixóide atinge principalmente membros inferiores (75% dos casos). Suas manifestações mais comuns são o crescimento de uma massa tumoral indolor que pode alcançar grandes proporções, é geralmente nesta hora que o paciente busca tratamento (Gaissler et al., 2012). O presente estudo apresenta um lipossarcoma de membro inferior direito com recorrência para sacro e retroperitonio.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 30 anos, deu entrada no serviço de clínica cirúrgica, apresentando nódulo em região proximal e antero-lateral da coxa direita há cerca de 5 meses, com evolução progressiva e lenta, queixando dor incapacitante. Solicitado ressonância magnética da coxa direita evidenciando lesão localizada nos planos adiposos do subcutâneo da porção lateral direita do quadril. Foi submetido a cirurgia de ressecção da lesão, com acesso antero-lateral no terço proximal da coxa direita, hemostasia rigorosa, sutura do acesso por planos com colocação de dreno a vácuo, a lesão apresentava 15cmx10cmx4,5cm. O anatomopatológico do material evidenciou Lipossarcoma mixóide de alto grau. Paciente foi submetido à radioterapia com resposta satisfatória, aparentemente não apresentando lesão residual. Retornou após 9 meses com nova massa em região da espinha ilíaca antero-superior esquerda, queixando parestesia. Solicitado ressonância magnética da região com resultado de nova lesão sacral à esquerda acometendo os neuroforames de s1 e s2, com continuidade pelo musculo piriforme e retroperitônio perivascular (vasos ilíacos esquerdo), medindo cerca de 8cmx4cmx5,7 cm, realizado ressecção cirúrgica da lesão por acesso lombococcigeno, coccectomia total, sacrectomia parcial à esquerda, ressecção do músculo piriforme com preservação do nervo ciático, apresentou boa evolução clínica pós-cirúrgica. Hoje se encontra em seguimento pós-operatório no décimo mês, sem complicações e sinais de recidiva tumoral.

DISCUSSÃO

Na classificação histológica, o lipossarcoma mixóide corresponde a 50 % de todos os lipossarcomas, com prognóstico de sobrevida em 5 anos superior a 88% se realizado excisão completa (Gaissler, et al., 2012). . A radioterapia pós-cirúrgica é de extrema importância para adjuvância à cirurgia, principalmente para o tipo mixóide. Tal modalidade previne a recorrência local da lesão, porém nunca deve ser substituída pela cirurgia radical, esta é a principal abordagem terapêutica (Blair, et al., 1998). Cerca de 10% dos pacientes com lipossarcoma de membro inferior, após dois ou mais anos da remoção da lesão primária, apresentam segunda lesão no retroperitônio (Torres, et al., 2001).