Dados do Trabalho
TÍTULO
ABORDAGEM CIRURGICA DE TUMOR RETRORRETAL: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os tumores retrorretais são raros e surgem no espaço retrorretal ou pré‐sacral. Por ser uma área de desenvolvimento de múltiplas estruturas embriológicas, esse espaço pode abrigar um grupo heterogêneo de tumores benignos e malignos originados dos remanescentes embriológicos desses tecidos. A incidência média é de 1:40.000, mais comum em mulheres, entre 40 e 60 anos. A maioria é oligossintomático, sendo mais comum sintomas de dor perineal e lombar. Pelas características heterogêneas e pela dificuldade no acesso ao tumor, é imperativo ao cirurgião planejamento e um bom conhecimento da anatomia local.
RELATO DE CASO
M.F.R., mulher, 73 anos, relatou surgimento de tumoração de 5cm na nádega esquerda há 9 anos, indolor, sem sintomas associados ou alterações na pele adjacente. À época, foi submetida à exérese da referida lesão sem análise histopatológica. Após cinco anos houve recidiva de lesão idêntica, cuja biópsia em fevereiro/2018 revelou tratar-se de neurofibroma. Nesse momento, apresentava como queixa alterações de sensibilidade na coxa esquerda. Ao exame, apresentava tumoração ulcerada no glúteo esquerdo e o toque retal demonstrou hipotonia esfincteriana, abaulamento da parede esquerda retal, indolor, sem flutuações. A ressonância magnética mostrou formação expansiva lobulada, com realce heterogêneo pelo contraste, com áreas de necrose central, de 11,9x10,9x12,4cm. Submetida à exérese da referida lesão por via perineal, sendo observada lesão parcialmente encapsulada, de aspecto cerebriforme, ocupando a fossa isquiorretal esquerda. Anatomopatológico evidenciou neoplasia fusocelular maligna com intensa anaplasia, com margens cirúrgicas livres. Foi confeccionada ainda uma colostomia de proteção. Apresentou boa evolução pós-operatória, mantendo continência fecal total. Até a publicação deste caso, a análise imuno-histoquímica não tinha sido liberada.
DISCUSSÃO
Os tumores retrorretais ocupam o espaço retrorretal, limitado entre o sacro e o reto, sendo a reflexão peritoneal o teto e os músculos elevadores do ânus o assoalho. Podem ser divididos em congênitos, inflamatórios, neurogênicos, vasculares, linfáticos, ósseos, derivados de partes moles e metastáticos. O caso em estudo tem sua origem direcionada para o tipo neurogênico, cuja incidência chega a 10%, sendo o neurofibroma um de seus representantes benignos. Apesar da pouca sintomatologia, podem cursar com dor e disfunção neurológica relacionadas ao nervo envolvido. A excisão completa é o tratamento indicado e terapias adjuvantes são secundárias, sendo indicadas em casos onde a cirurgia é contraindicada. A sobrevida para tumores benignos se aproxima de 100% porém a recidiva não é incomum. Cerca de 9-45% dos tumores são malignos, mais comumente sólidos do que císticos, apresentando taxas de recorrência de 45% e sobrevida em cinco anos em torno de 17%. Os tumores pré‐sacrais são raros, com sintomatologia escassa e variável, que exigem elevada suspeição e tratamento cirúrgico adequado a fim de minimizar morbidade e recidiva.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
HOSPITAL MUNICIPAL SANTA ISABEL - Paraíba - Brasil
Autores
ÁTTILA RAPHAEL BARBOSA ARAUJO SOUZA OLIVEIRA ALVES, SHIRLANE FRUTUOSO MALHEIROS, JESSICA MONTENEGRO PONTES, LETÍCIA AIRES BENJAMIN, MONIZE SPAZAPPAN MARTINS, WESLEY PEREIRA SILVA, SILVANA SERRA ALVIN RIBEIRO, KAROLYNE ERNESTO LUIZ NOBRE