Dados do Trabalho


TÍTULO

PILEFLEBITE COMO COMPLICAÇAO DE APENDICITE AGUDA

INTRODUÇÃO

Com os avanços na antibioticoterapia, a pileflebite (tromboflebite séptica de veia porta ou suas tributárias) se tornou uma condição rara. No entanto, a mortalidade permanece alta devido aos sintomas inespecíficos e o baixo índice de suspeição que atrasa o diagnóstico. Antigamente o principal foco séptico abdominal de pileflebite era apendicite. Hoje, a diverticulite é a principal causa. O objetivo desse trabalho é relatar o caso de um paciente com diagnóstico de pileflebite da mesentérica superior e do ramo esquerdo da veia porta, secundária à apendicite, devido sua raridade.

RELATO DE CASO

Paciente R. N. S., masculino, 27 anos, previamente hígido foi admitido no hospital com quadro de dor abdominal difusa e febre não termometrada, com uma semana de evolução, associado a diminuição da eliminação de flatos e fezes, episódios de vômitos persistentes e um episódio de epistaxe. Ao exame encontrava-se hipocorado, ictérico, desidratado com abdome distendido e doloroso difusamente à palpação. Na hemocultura e na urocultura realizados foi isolado Escherichia coli produtora de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL), iniciado então Meropenem. A Tomografia Computadorizada (TC) de abdome resultou em trombose de ramo esquerdo da veia porta, e de artéria mesentérica superior com dilatação de vias biliares intra-hepáticas. Iniciou-se dessa forma anticoagulação para o paciente. Na colangioressonância foi evidenciado alterações hepáticas compatíveis com quadro inflamatório e infecção com formação de abcessos nos segmentos III, IVa e VII. Após melhora clínica do paciente foi realizada cirurgia. No procedimento foi detectada esplenomegalia e hepatomegalia. Foram também constatadas áreas de aparente flutuação na transição dos segmentos 6/7 e 7/8 hepáticos e realizada a punção desses locais com drenagem abundante de secreção purulenta. O apêndice cecal se encontrava com sinais de inflamação. Foi realizada apendicectomia, constatando coleção purulenta intra-luminal, sendo assim a causa da pileflebite.

DISCUSSÃO

Com os avanços na antibioticoterapia, a Pileflebite se tornou uma condição rara. No entanto, a mortalidade permanece alta devido aos sintomas inespecíficos, e o baixo índice de suspeição que atrasa o diagnóstico. A literatura relata que a patogenia ainda não está esclarecida. Sugerem-se três mecanismos: translocação bacteriana, que promove a interação entre o agente infeccioso e o endotélio, desencadeando a cascata de coagulação, formando a piletrombose; ocorrência de trombose do sistema porta seguido de infecção, e/ou ambos. A TC é o exame de escolha para o diagnóstico, pela capacidade de detectar o foco primário da infecção, a extensão da pileflebite, e as anormalidades e complicações hepáticas, como os abscessos. O tratamento baseia-se na instituição de antibioticoterapia de largo espectro. A cirurgia está indicada em casos selecionados (por exemplo, abscessos hepáticos múltiplos), e nos casos de deteriorização clínica.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

FHEMIG - HOSPITAL ALBERTO CAVALCANTI - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANA LUIZA DE FREITAS RIBEIRO REIS, BARBARA BARBOSA MONTEIRO, THAMILYS BENFICA PENA, SHALINE BRAGA RAMOS, AURÉLIO ROCHA BATISTA DE OLIVEIRA, ANDREZA DE JESUS PRATES, THAÍSA SOARES CRESPO