Dados do Trabalho
TÍTULO
APENDICITE AGUDA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇAO DE NEOPLASIA MUCINOSA DE BAIXO GRAU DE APENDICE CECAL
INTRODUÇÃO
As neoplasias mucinosas apendicecais (NMAs) são um grupo heterogêneo de tumores raros, representando menos de 1% de todos os cânceres de apêndice. Tal afecção apresenta potencial maligno e curso clínico variável de acordo com o estágio da doença, o qual será determinado pela sintomatologia e pelas características histológicas. Sabe-se que NMAs em estado inicial costumam ser diagnosticados incidentalmente em associação com quadro de apendicite, ao passo que, em estados avançados, o paciente apresenta dor abdominal, perda de peso e distensão do abdome relacionada ao acúmulo de mucina no espaço peritoneal. Quanto à histologia, nota-se que NMAs bem diferenciados demonstram melhor prognóstico do que os tumores pouco diferenciados. O tratamento ainda não está bem definido, tumores de baixo grau costumam ser abordados cirurgicamente com ressecção do sítio primário ou revascularização peritoneal, enquanto neoplasias em estágio avançado são marjoritariamente tratadas com cirurgia de citorredução e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC).
RELATO DE CASO
Mulher, 75 anos, portadora de hipotireoidismo e com história de linfoma não-hodgkin há 30 anos queixa-se de dor abdominal sugestiva de apendicite aguda. Associada à queixa, apresentou achado tomográfico de alteração apendicular e, ao inventário cirúrgico, foi encontrado apêndice túrgido com grande quantidade de secreção mucinoide. Os exames laboratoriais não apresentaram alterações significativas. O exame histopatológico de fragmentos do apêndice evidenciou quadro morfológico de neoplasia mucinosa de baixo grau, com estadiamento patológico pT3 e áreas de ressecção proximal e mesentérica livres de neoplasia.
DISCUSSÃO
A abordagem terapêutica indicada para as neoplasias mucinosa de baixo grau é controversa. Nos casos em que se estende além da mucosa até a parede do apêndice, porém, sem lesão infiltrativa e atipia, há indicação em realizar cirurgia de revascularização associada a quimioterapia adjuvante sistêmica. Nos casos em que há atipia e lesão infiltrativa, é indicada a citorredução cirúrgica associada a quimioterapia adjuvante intraperitoneal. No relato em questão, a paciente não faz parte do grupo de maior incidência, por ser idosa e apresentar sintomas inespecíficos. Além disso, de acordo com o estadiamento da neoplasia (pT3) e devido à ausência de infiltração, a terapia indicada é conservadora, contudo, há chances de recidiva. Na literatura, foi demonstrado que neoplasias de baixo grau com apresentações clínicas incomuns tratadas com citorredução cirúrgica e quimioterapia adjuvante intraperitoneal apresentaram melhor prognóstico. Diante do exposto, conclui-se que o cirurgião deve conhecer a neoplasia mucinosa de apêndice como um diagnóstico diferencial de apendicite, definir melhor conduta de acordo com a especificidade de cada caso, uma vez que tal neoplasia maligna apresenta bom prognóstico a depender da abordagem terapêutica.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
UniCEUB e Hospital Home - Distrito Federal - Brasil
Autores
Amanda Luíza Aguiar Taquary Alvarenga, Renata Bonfim de Lima e Silva, Carolina Alencar Ferreira, Ana Clara Guerreiro Araújo Gouvêa, Anna Beatriz Salles Ramos, Talita Brigel, Hélio Borges de Sousa