Dados do Trabalho


TÍTULO

SARCOMA DE ESOFAGO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Tumores mesenquimais do esôfago são extremamente raros, representando menos de 1% dos tumores esofágicos. Dentre estes, os mais comuns são os leiomiossarcomas, com cerca de 200 casos relatados desde sua primeira publicação, em 1902. Ainda que a mortalidade seja elevada, os leiomiossarcomas guardam melhor prognóstico quando comparados aos tumores escamosos do esôfago. A sobrevida média é de 47% e 31% em 5 e 10 anos, respectivamente.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 56 anos, encaminhado ao serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Nossa Senhora da Conceicao – POA, com queixa de disfagia progressiva e perda de cerca de 10kg nos 4 meses que antecederam a consulta. Negava comorbidades crônicas prévias, sendo tabagista (cerca de 44 anos/maço) e ex-etilista. Trazia endoscopia digestiva alta evidenciando lesão vegetante, friável, estendendo-se desde os 30cm por 6cm da ADS, diminuindo a luz do órgão, mas não impedindo passagem do aparelho. Anatomopatológico da lesão a descreve como neoplasia de células fusiformes, ulcerada, com atipias moderadas.
Internou após 2 meses para estadiamento tumoral. Tomografia de tórax demonstrou a presença de tecido com densidade partes moles, aspecto fusiforme, medindo 76 x 22 x 30 mm, localizado no interior da lúmen do terço distal do esôfago, possivelmente relacionada a informação clínica de neoplasia fusiforme. Linfonodos paratraqueais, aumentados em número e linfonodos proeminentes na cadeia subcarinal e transição gastroesofágica. O perfil imuno-histoquímico da lesão era compatível com neoplasia maligna fusocelular de alto grau.
Internou novamente após 8 meses da consulta inicial, quando foi realizada videolaparoscopia diagnóstica, sem particularidades. A equipe optou por postergar o procedimento cirúrgico devido a condições clínicas do paciente. Paciente realizou esofagogastrectomia 10 meses após a consulta inicial, sem intercorrências cirúrgicas no transoperatório O estadiamento patológico (pT2a pN0 R2) corroborava achados clínicos. Evoluiu com fístula de baixo débito na anastomose esofagogástrica no 3º pós operatório, sendo manejada com dieta enteral via jejunostomia e, posteriormente, com nutrição parenteral, apresentando evolução satisfatória. Recebeu alta hospitalar no 23 º pós operatório. Mantem acompanhamento ambulatorial no serviço, sem sinais de recidiva da doença.

DISCUSSÃO

Dada que é patologia de incidência rara, o manejo de tumores mesenquimais é tema escasso na literatura. Ainda que o tratamento de escolha seja cirúrgico, a extensão da ressecção, a necessidade de resseção linfonodal e a necessidade da associação de tratamento adjuvante ou neoadjuvante permanecem incertos. As taxas de recorrência e mortalidade ainda são altas, reforçando ainda mais a necessidade de estudos mais abrangentes acerca do tema.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Grupo Hospitalar Conceicao - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

MAURICIO JACQUES RAMOS, LUCAS ALESSIO PEREIRA, EDMUNDO REATEGUI NAVARRO NETO, CELINA PEREIRA HALLAL