Dados do Trabalho


TÍTULO

ILEO BILIAR COMO CONSEQUENCIA DA DOENÇA CALCULOSA BILIAR - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O íleo biliar é uma complicação rara da doença calculosa vesicular em que ocorre comunicação anormal entre a via biliar e o tubo digestivo. É marcada pelo quadro de abdome agudo obstrutivo. Essa condição ocorre em 0,3% a 0,5% dos portadores de cálculos na vesícula e é a causa de 1% a 4% das obstruções intestinais, sendo o tratamento essencialmente cirúrgico. Devido à prevalência das doenças biliares e à gravidade que a enfermidade pode gerar, o adequado e rápido reconhecimento é importante, pois caso contrário, aumentam-se os índices de morbimortalidade.

RELATO DE CASO

MLRM, feminino, 75 anos, diabética, hipertensa. Portadora de colelitíase há 7 meses, deu entrada em hospital referindo dor em hipocôndrio direito, irradiada por todo abdome, associada a múltiplos episódios de vômitos, empachamento, calafrios e hiporexia. Negou outras queixas. Ao exame físico: BEG, LOTE, corada, hidratada, eupneica, acianótica, anictérica. Abdome globoso, RHA+, flácido, doloroso em hipocôndrio direito, Sinal de Murphy ausente, sem sinais de irritação peritoneal. Fosfatase alcalina: 344 e Gama GT: 57. Realizada tomografia de abdome com contraste, que evidenciou fístula entre vesícula biliar e duodeno com cálculo impactado. Paciente foi submetida à laparotomia exploradora, na qual foi identificado cálculo de aproximadamente 3cm de diâmetro impactado a 90cm da válvula íleocecal. Feitas enterotomia, colecistectomia à Torek, gastroenteroanastomose e cerclagem gástrica. Paciente sucedeu instável hemodinamicamente no pós-operatório, com leucocitose (20.000) e acidose metabólica leve. Foi transferida para UTI, sendo medicada com antibiótico e noradrenalina, além de hidratação venosa vigorosa. Após 2 dias alcançou estabilidade hemodinâmica e foi transferida para enfermaria da cirurgia geral.

DISCUSSÃO

A inflamação na vesícula biliar provocada por cálculo pode levar a uma fístula para a luz do duodeno. A formação da fístula pode ser pela inflamação da vesícula ou pela necrose de pressão, sendo mais comum em pacientes idosos. É uma doença rara, que possui alta taxa de morbimortalidade. O quadro pode evoluir para pancreatite, colangite e lesão das vias biliares, sendo complicações associadas a outras doenças comuns nos idosos, ocasionando uma taxa de mortalidade entre 4,5 e 25%. O paciente se apresenta com sinais de distensão abdominal, ruídos hidroaéreos aumentados e desidratação. Outros sinais menos comuns podem aparecer como: icterícia e sintomas comuns da colecistite. O diagnóstico é realizado a partir de evidências de obstrução mecânica do intestino delgado na história clínica, radiografia demonstrando níveis hidroaéreos e visualização direta do cálculo, tomografia ou ultrassonografia abdominal apresentando fístulas, cálculos, colelitíase ou coledocolitíase. O tratamento é cirúrgico e tem como prioridade tratar a complicação aguda. A abordagem envolve a enterolitotomia, colescistectomia e exploração da fístula. Se houver inflamação aguda, deve ser realizada colecistectomia e correção da fístula.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

GABRIELLA FERNANDES TRINDADE, MARCUS LEON DE JESUS GOMES, RENATA BAPTISTA OSTROWSKI, MARIA GABRIELA TEIXEIRA VALENTINI, MILENA RIBEIRO SIQUEIRA CAMPOS FURTADO, ANGÉLICA SOUZA DUARTE, TEODORO OSTROWSKI