Dados do Trabalho
TÍTULO
RESSECÇAO DE TUMOR FIBROSO SOLITARIO GIGANTE DE PLEURA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O tumor fibroso solitário de pleura (TFSP) é um tumor raro que acomete usualmente a pleura visceral, originado a partir do mesênquima da camada submesotelial. A morfologia do TFSP é variável, por se tratar de um tecido mesenquimal pluripotente. O tratamento preconizado para as formas benignas é a ressecção completa do tumor, devendo atentar-se ao cuidado com comportamentos clínicos inesperados, tais como invasão de órgãos adjacentes e compressão cardíaca pela massa tumoral. O presente estudo tem como objetivo relatar um caso benigno de TFSP, evidenciando as escolhas terapêuticas ideais para este paciente.
RELATO DE CASO
Paciente de 77 anos, sexo masculino, ex-tabagista há 20 anos, em uso de losartana para tratamento de HAS. Encaminhado pelo cardiologista por achado de opacidade no hemitórax esquerdo (HTE). Queixa de dispneia de longa data, acompanhada de dor torácica difusa, tosse seca, inapetência e perda de peso gradual, não sabendo quantificá-la. Ao exame físico apresentava bom estado geral, ausculta abolida nos 2/3 inferiores do HTE. Tomografia de tórax revelou lesão sólida com aproximadamente 24cm no maior diâmetro. Foi submetido à biópsia percutânea, com o anatomopatológico evidenciando uma neoplasia mesenquimal de padrão fusocelular compatível com TFSP, sem sinais de malignidade. Indicada ressecção cirúrgica da lesão, sendo realizada por toracotomia posterolateral esquerda, com o achado cirúrgico de volumosa tumoração sólida, lobulada, aderida à língula e ao pericárdio. Diante da dificuldade de mobilização da lesão, foi optado por uma segunda toracotomia 2 espaços abaixo, além de ressecção transtumoral. A aderência ao pericárdio foi resolvida com eletrocautério sem necessidade de pericardiectomia, e a aderência à língula foi tratada com grampeador linear. A peça pesou 2,8 Kg. O paciente apresentou expansão pulmonar satisfatória, recebendo alta no 7º dia pós-operatório. O anatomopatológico final confirmou a lesão benigna de margens livres. O paciente se encontra atualmente bem e sem complicações.
DISCUSSÃO
O TFSP é o mais comum dos tumores solitários fibrosos, com ocorrência estimada em 2,8 a cada 100.000 indivíduos, sendo comumente observado entre a sexta e sétima década de vida. Não há associação comprovada do aparecimento do TFSP e a exposição à radiação ou tabagismo, assim como não há heranças genéticas ou fatores de risco predisponentes relatados. 40-60% dos pacientes possuem sintomas pulmonares não específicos como tosse, dor torácica e dispneia. O tratamento do TFSP é a ressecção completa em bloco do tumor com margens negativas (R0). Um estudo em bloco com pacientes submetidos à ressecção desse tipo de tumor, concluiu que a abordagem promove boa sobrevida a longo prazo. Nos tumores benignos, não há necessidade de tratamento complementar por este possuir uma resposta favorável apenas com a ressecção. A depender da classificação de risco do paciente, deve-se realizar consultas esparsadas, devido à chance de recorrência do TFSP em até 20 anos após o tratamento.
Área
CIRURGIA TORÁCICA
Instituições
Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ - Paraíba - Brasil
Autores
Tobias Sampaio, Lyndon Johnson Serra Junior, Hiago Dantas Medeiros, Lais Nóbrega Vieira, David Paes de Lima