TÍTULO

DOS "PULMOES DE AÇO" AS TRAQUEOSTOMIAS: COMO UMA OPERAÇAO SIMPLES SALVOU MILHARES DE VIDAS

OBJETIVO

A traqueostomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentemente realizados no mundo inteiro. O objetivo do presente estudo é fazer uma revisão da história da literatura sobre a história da traqueostomia.

MÉTODO

Realizou-se uma busca nas bases de dados Medline e Scielo com os seguintes descritores (em inglês e português): “traqueostomia”, “história da traqueostomia”. Trata-se de uma revisão não sistemática, por isso não utilizou-se critérios de inclusão ou exclusão.

RESULTADOS

Idade Antiga. A palavra traqueostomia (TQT) surgiu em 1649, no Libri Chirurgiae XII de Fienus, porém hieróglifos de 3100 a.C sugerem o uso da técnica desde o Egito antigo. O livro hindu, Rig Veda, de 2000 a.C.; o Ebers Papyrus, de 1550 a.C. e obras de Homero, no século VIII a.C, também sugerem o uso TQT. Galeno e Hipócrates notadamente reconheceram a utilidade da TQT.A primeira TQT realizada de forma eletiva ocorreu em 100 a.C., por Asclepíades, considerado o pai da TQT.

Idade Moderna. Na idade média há poucas referências sobre a TQT. Já Na Renascença, a Medicina voltou a se desenvolver e, após revolucionar o conhecimento sobre anatomia humana, Vesalius manteve ventilação e pulso em animal cujo tórax estava aberto ventilando-o através da traqueia. Já em 1546, foi documentado o primeiro caso de TQT realizada em humanos com sucesso. Em 1620 foram descrito casos de TQT salvando vidas. Após introdução da TQT para ressuscitação neonatal em 1754, seu uso foi estendido para a ressuscitação de vítimas de afogamento. Porém, sua implementação seguiu errática por longo período, como a exemplo da decisão médica de não intervir quando o presidente dos EUA, George Washington, apresentou obstrução de vias aéreas por difteria, em 1799, resultando no seu óbito.

Idade Contemporânea. Em 1883, com a epidemia da difteria, a TQT foi usada nos casos de emergência de obstrução da via aérea superior, com êxito de 25%. Em 1909, Jackson padronizou a incisão longa, evitando a cricóide e o anel traqueal. No século XX, com a epidemia da poliomielite, crianças que adquiriram paralisia bulbar tinham perda progressiva do controle dos músculos da respiração. Nesta época, o controle da ventilação do paciente, era feita pelo “pulmão de aço”, um tanque com pressão negativa intermitente, onde o doente ficava apenas com a cabeça de fora. No mesmo período, o anestesista Ibsen sugeriu realizar ventilação com pressão positiva através da TQT e conseguiu restabelecer o estado respiratório de diversos pacientes com sucesso.
Uma das grandes limitações na TQT, é o comprometimento da fala. Diversas técnicas foram desenvolvidas, dentre elas, o tubo com válvula de flutter, desenvolvido no inicio do século XXI, que permite a respiração, reduz o espaço morto e possibilita o paciente falar.

CONCLUSÕES

A importância da TQT é reconhecida desde a Idade Antiga. A técnica cirúrgica foi sendo aperfeiçoada e sua importância adquiriu caráter essencial na unidade hospitalar para o tratamento de pacientes que cursam com emergência de vias aéreas superiores.