Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DIAFRAGMATICA TRAUMATICA - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hérnia diafragmática traumática (HDT) é caracterizada pela protrusão de órgãos e estruturas abdominais para a cavidade torácica devido ao aumento na pressão abdominal após trauma contuso ou penetrante. A lesão mais comum é na direção radial, na área póstero-lateral esquerda, um ponto embriológico de fraqueza. As lesões situadas à direita, por sua vez, normalmente são mais graves, apresentando taxa de mortalidade de até 48% nas lesões diagnosticadas em fase tardia. O objetivo desse trabalho compreende ressaltar a relevância do diagnóstico assertivo na fase aguda do trauma para evitar complicações e reduzir a taxa de morbimortalidade.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 26 anos. Admitido com quadro de dor em pontada, de alta intensidade e caráter progressivo, em região subcostal esquerda, há 1 dia, associada a náuseas, vômitos e hiporexia. História de queda de motocicleta há 4 anos. Ao exame físico: MEG, afebril ao toque, desidratado (2+/4+). AR: MVF+, abolido em HTE. ABD: plano, doloroso à palpação difusa, pior em epigástrio. TC de tórax e abdome sugerindo hérnia diafragmática contendo estômago, baço e omento, com compressão pulmonar esquerda e desvio de mediastino à direita. Paciente foi submetido à laparotomia exploradora em que foi visualizada lesão diafragmática de cerca de 7cm com presença do baço, estômago, segmento de delgado e ângulo esplênico do cólon na cavidade torácica. Notou-se processo inflamatório em omento com lesões em pingo de vela. Realizou-se dissecção e liberação de aderências com posterior redução das vísceras à cavidade peritoneal. Paciente recebeu alta hospitalar com sintomáticos no 8º DPO e orientações gerais e de retorno para acompanhamento pós-operatório.

DISCUSSÃO

As hérnias diafragmáticas adquiridas geralmente são causadas por trauma. Nos traumas contusos a ruptura diafragmática está presente em 1% a 7% dos casos e nos traumas penetrantes em cerca de 10% a 15%. O diagnóstico geralmente é tardio, pois em fase aguda os pacientes são assintomáticos e a avaliação primária pode ter resultados falso-negativos em até 30% dos casos. A evolução para a fase crônica está associada à presença de complicações como obstruções e estrangulamento de vísceras. O tratamento da HDT é essencialmente cirúrgico, sendo geralmente utilizada a abordagem por laparotomia devido à alta incidência de lesão em vísceras abdominais. A abordagem por toracotomia também pode ser realizada, sendo, contudo, mais complexa a dissecção, liberação e recondução das vísceras abdominais, e, especialmente em quadros de longa evolução, há grande risco de lesão visceral, devido às aderências formadas entre vísceras, peritônio parietal e pleura. O prognóstico geralmente é positivo quando há diagnóstico e tratamento precoces, sendo o diagnóstico tardio associado ao aumento de mortalidade, variando entre 30 a 60% dos casos, devido à herniação e estrangulamento de órgãos intra-abdominais para o tórax, com comprometimento respiratório e complicações subsequentes.

Área

TRAUMA

Instituições

UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

MARIA GABRIELA TEIXEIRA VALENTINI, MILENA RIBEIRO SIQUEIRA CAMPOS FURTADO, MARCUS LEON DE JESUS GOMES, GABRIELLA FERNANDES TRINDADE, RENATA BAPTISTA OSTROWSKI, DESIREÉ DUARTE SERRA, MARIANA SANTOS PINTO, TEODORO OSTROWSKI