Dados do Trabalho


TÍTULO

ABAIXAMENTO DE COLON E ANASTOMOSE COLOANAL NO TRATAMENTO DE FISTULA RETOVAGINAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A presença da fístula retovaginal é uma situação muito constrangedora para as pacientes e por vezes desafiadora para o cirurgião. Pode ter várias causas como lesões iatrôgenicas em operações pélvicas, radiação, câncer ou doença inflamatória intestinal. A melhor estratégia operatória é individualizada de acordo com a causa, local e extensão da fístula, não havendo única técnica consagrada para sua correção.

RELATO DE CASO

S.A.F., 49, feminino, natural e residente em Ceilândia/DF, servidora pública, diagnostica em 2013 com adenocarcinoma localmente avançado no reto médio. Submetida à radioterapia e quimioterapia neoadjuvante e posterior ressecção anterior de reto com ileostomia de proteção 18 semanas após. Realizado retossigmoidoscopia flexível com achado de fístula reto vaginal e estenose da anastomose em 2015. Ressonância magnética de pelve confirmando grande fístula retovaginal em local da anastomose colorretal. Ao exame físico toque vaginal identificando fístula retovaginal alta pérvia para duas polpas digitais. Devido características da fístula retovaginal optou-se por abaixamento de cólon, anastomose coloanal e manutenção da ileostomia. Submetida a operação por via abdominal e perineal. Realizado dissecção pélvica ao redor do cólon abaixado, anteriormente até o local da anastomose prévia, posteriormente e lateralmente até o local da fistula retovaginal anteriormente. Em posição de litotomia foi realizado sutura em bolsa no reto distal a fístula, incisão circular do reto e dissecção do reto via transanal até região da fístula retovaginal anteriormente, seguida pela ressecção da porção terminal de reto contendo a área fistulosa e anastomose colorretal prévia. Seguiu-se com o abaixamento do cólon e anastomose coloanal com pontos simples separados de fio poliglactina 3.0. Realizado patch de omento entre a parede da vagina e cólon abaixado. Paciente evoluiu bem no pós operatório, ileostomia funcionante, boa aceitação alimentar e recebeu alta no 4º dia pós-operatório (DPO). Realizado fechamento da ileostomia protetora 12 semanas após a operação. Evoluiu no 10º DPO com saída de secreção entérica pela ferida prévia da ileostomia e feito diagnóstico de fístula enterocutânea. Realizado tratamento conservador com resolução do quadro após 6 semanas de internação. No momento mantém continência fecal e com queixas leve de evacuação obstruída e urgência fecal. Está em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A abordagem cirúrgica da fístula retovaginal é definida por sua complexidade. Assim, neste caso, optou-se pela ressecção do reto com a fístula e anastomose prévia associado ao abaixamento do cólon com anastomose coloanal. Esse tipo de anastomose pode ocasionar sintomas como urgência fecal, evacuação fragmentada ou incontinência fecal, por isso não sendo a primeira escolha na maioria dos casos. Porém nesse caso, foi possível resolver a fístula retovaginal com poucos sintomas proctológicos associados.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Universidade de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Lucio Henrique Correia Lopes, Rachel Gonçalves Nihari, Pedro Paulo Gatto Oliveira Thomé, Marcus Henrique Oliveira Gonçalves, Bruno Augusto Martins, Sebastião Dutra de Moraes Junior, Oswaldo Moraes Filho, João Batista Sousa