TÍTULO

MUCOCELE DE APÊNDICE : RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A mucocele do apêndice é considerada rara e ocorre em 0,2% a 0,4% das apendicectomias realizadas. Esse termo é dado a dilatação cística que ocorre por acúmulo de material mucinoso em sua luz. Foi reconhecida como entidade patológica por Rokitansky em 1842. Em 1942, Woodruff e McDonald e classificaram tanto sob forma benigna, como a mucocele simples e o cistadenoma mucinoso, quanto na forma maligna, como o cistadenocarcinoma mucinoso. Devido ao seu difícil diagnóstico pré-operatório, por ter uma sintomatologia variável, a maioria dos diagnósticos é feita durante as cirurgias por outras patologias, ou por achado histopatológico nas peças cirúrgicas. Esse relato tem como objetivo enaltecer a importância da definição de uma conduta cirúrgica mais adequada a esta patologia.

RELATO DE CASO

M.P.G, sexo feminino, 58 anos, com relato de dor abdominal, náusea, inapetência e perda de peso há 3 meses. À palpação abdominal apresentava tumoração móvel, de consistência endurecida, levemente dolorosa em fossa ilíaca direita. Solicitado tomografia de abdome que demonstrou lesão tubuliforme com aproximadamente 5,8 x 2,8 x 2,8 cm sugestivo de mucocele de apêndice. Realizada Apendicectomia, que demonstrou na histologia neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice, com margens cirúrgicas livres.

DISCUSSÃO

A Mucocele de apêndice apresenta em maior frequência em mulheres (4:1) com mais de 50 anos. E seu diagnóstico pré-operatório é raro, sendo na maioria das vezes confundido com apendicite aguda ou cisto ovariano. Citado pela primeira vez no ano de 1876, o termo mucocele, tinha como definição a presença de um apêndice alargado, com conteúdo mucoide. Inicialmente, quando descrita por Rokitannsky 1842, acreditava-se isso se dava devido a presença obstrução ou inflamação do apêndice causada por fecalitos, porém atualmente se sabe que está associada à presença de três fatores: obstrução crônica da luz, esterilidade do conteúdo e atividade secretória contínua do epitélio. Podendo essas causas serem distribuídas em três tipos onde acaba-se por destinar o termo mucocele somente para as do Tipo I, denominando de mucocele neoplásica as do Tipo II e III, pois estas são originadas da abundante produção de muco por epitélio neoplásico. Os sintomas mais comuns são a dor abdominal emagrecimento e massa palpável em fossa ilíaca direita, e alguns sugerem que quanto maior a displasia mais exuberantes são os sintomas. O tratamento deve ser cirúrgico e o diagnostico pré operatório é de fundamental importância, já que a rotura acidental intra-operatória do apêndice pode causar disseminação intraperitoneal de um tumor maligno produtor de mucina (pseudomixoma peritoneal). No caso das as mucoceles tipo III a indicação é a colectomia direita. Nos casos tipo I e tipo II, a apendicectomia é o procedimento indicado.