Dados do Trabalho


TÍTULO

ESOFAGO NEGRO: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A necrose esofágica aguda – NEA, esofagite necrotizante aguda ou esôfago negro, é uma entidade rara, descrita pela primeira vez em 1990, e que ocorre devido a diversos fatores e com risco para isquemia e baixo fluxo sanguíneo. Com uma taxa de mortalidade de 35 a 50%, é comumente associada à disfunção de múltiplos órgãos, hipoperfusão, vasculopatia, sepse, cetoacidose diabética, intoxicação alcoólica, eventos tromboembólicos e malignidade. As complicações podem ser graves, incluindo sepse e perfuração(7%), esta última sendo necessário cirurgia e tardiamente pode evoluir para estenose de esôfago(15-25%).

RELATO DE CASO

Paciente, feminina, 55 anos, procurou serviço de saúde com dor em andar superior de abdome, além de icterícia, febre, taquicardia, anorexia, náuseas, vômitos e ascite. Antecedentes: abuso crônico de álcool, tabagista e drogadição. Ao exame clínico: regular estado geral, confusa, hipocorada, ictérica 3/4+ e com dor abdominal difusa à palpação profunda, sem peritonite. Na ultrassonografia foi observado apenas esteatose hepática. Laboratoriais: hemoglobina de 11,8g/dl, hematócrito de 33,6%, leucócitos de 4.800 celulas/mm³, plaquetas de 34.000/mm³, potássio sérico de 7.1mEq/l, sódio sérico de 134 mEq/l, uréia de 40 mg/dl, creatinina de 1.3mg/dl, INR de 1.25, TTPa 26.7 segundos, Aspartato-aminotransferase 4.896 U/l, Alanina-aminotransferase 779 U/l, gama-GT de 1.268 U/l, fosfatase alcalina de 234U/l, DHL de 2.278 U/l, bilirrubinas totais 7,59 mg/dl, albumina sérica 4.6 g/dl e lipase 435 U/dl. Radiografia de tórax sem alteração. Paciente encaminhada para UTI com diagnóstico de pancreatite e hepatite alcoólica. Após cinco dias, foi transferida para leito de enfermaria, onde apresentou episódio de hematêmese. A endoscopia digestiva alta demonstrou esôfago com pontos enegrecidos associados a descoloração periférica circunferencial com tecido friável e delimitação precisa entre mucosa esofágica e gástrica, com fibrina esparsa. Tomografia computadorizada de Tórax e Abdome identificou embolia pulmonar séptica, sendo realizado antibioticoterapia com cefepime, teicoplamina e anfotericina B, além de omeprazol, domperidona e sucralfato oral. Paciente evoluiu com síndrome de abstinência sendo acompanhada pela psiquiatria. Evoluiu com melhora do quadro. Endoscopia digestiva de controle após 14 dias, com esôfago normal. Atualmente, em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A NEA, possui apresentação clínica variável, cursando em cerca de 81% dos casos com hemorragia digestiva alta. Os achados endoscópicos clássicos são alterações na coloração da mucosa esofágica para uma cor preta ou marrom escura, que pode ser segmentar, circunferencial e englobar diferentes comprimentos, dependendo da gravidade do quadro. Biópsias não são necessárias para o diagnóstico, mas a necrose da mucosa esofágica pode ser observada com a ausência de epitélio escamoso viável. O tratamento é conservador, visando estabilizar o paciente e corrigir as patologias subjacentes que desencadearam a doença.

Área

ESÔFAGO

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE CATANDUVA - CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ALBINO - São Paulo - Brasil

Autores

LUCAS SANTOS BRAVIN, FABIO FRANCO OLIVEIRA JUNIOR, LUIS GUSTAVO RESENDE RODOVALHO, GUSTAVO COLOMBO CABRINI, MARIANA ORATE MENESES DA SILVA, GABRIEL TEIXEIRA CAGNIN, RICARDO ALESSANDRO TEIXEIRA GONSAGA, LEANDRO MOURA CENTURION