Dados do Trabalho
TÍTULO
ESOFAGECTOMIA X ESOFAGOCOLOPLASTIA NO TRATAMENTO DA ESTENOSE CAUSTICA DE ESOFAGO EM ADULTOS :EXPERIENCIA DE UM SERVIÇO DE REFERENCIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS.
OBJETIVO
O acidente cáustico grave provoca frequentemente esofagite corrosiva e estenose esofágica. O tipo e a quantidade do material corrosivo ingerido, a duração da lesão da mucosa, e a eficácia dos primeiros cuidados são os principais fatores que interferem no desenvolvimento da estenose. Existem duas principais técnicas de tratamento cirúrgico para estenose cáustica já
descritas: pode ser realizada esofagectomia ou a esofagocoloplastia sem ressecção do esôfago. Os dados disponíveis na literatura sobre o tratamento no paciente adulto são extremamente limitados, incluindo apenas pequenos grupos de pacientes. Portanto, o objetivo do trabalho é avaliar as taxas de morbi-mortalidade pós-operatórias dos pacientes submetidos ao tratamento com esofagectomia com reconstrução com tubo gástrico comparados aos submetidos à esofagocoloplastia.
MÉTODO
Entre Janeiro de 2010 e dezembro de 2018, 46 pacientes foram submetidos ao tratamento cirúrgico da estenose de esôfago no Hospital referido. Foi avaliada a taxa de morbi-mortalidade pós-operatória durante este período, de acordo com a técnica cirúrgica realizada.
RESULTADOS
Os dados da literatura revelam que apenas poucos pacientes adultos são submetidos ao tratamento cirúrgico para estenose cáustica do esôfago e que o melhor procedimento para manejá-los ainda é motivo de debate. Os procedimentos para reestabelecer o trânsito intestinal descritos são a transposição do cólon (esofagocoloplastia) ou a confecção do tubo gástrico.
Esta última técnica apresenta como vantagens oferecer menores alterações anatômicas e precisar de menor número de anastomoses. A literatura demonstra que a maioria dos casos de ingesta cáustica não resulta em alterações anatômicas ou perfurações do estômago, tornando esta técnica factível para a maioria dos pacientes. Entre os 46 pacientes submetidos ao
tratamento cirúrgico de estenose cáustica no Hospital Júlia Kubitschek, 15 foram submetidos à esofagocoloplastia e 31 foram submetidos à esofagectomia com reconstrução com tubo gástrico. A taxa de mortalidade pós-operatória foi de 20% para os pacientes que utilizaram o colon e de 0% para os que reconstruíram o trânsito a partir da gastroplastia. A esofagocoloplastia está associada a maior alteração na anatomia gastrointestinal em relação ao tubo gástrico, causando maior morbi-mortalidade ao procedimento, além de ser um segmento menos vascularizado, com maior propensão a isquemia na sua transposição a região cervical. Por isso, existem autores que recomendam que esta técnica deveria ser adotada apenas nos pacientes em que o estômago não esteja viável para a reconstrução do trânsito. No nosso serviço, a esofagocoloplastia foi abandonada sendo a esofagectomia com reconstrução com o tubo gástrico a cirurgia preconizada para a estenose cáustica do esôfago.
CONCLUSÕES
A experiência do serviço no tratamento cirúrgico de estenose cáustica entre 2010-2018 demonstra a viabilidade para o tratamento destes pacientes através da técnica de esofagectomia com reconstrução com o tubo gástrico.
Área
ESÔFAGO
Instituições
HOSPITAL JULIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil
Autores
PEDRO HENRIQUE CARAZZA SILVA, ANDRE MESQUITA DE ABREU, ANGELA LOPARDI NICOLATO, BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, PAULO CESAR DE FARIA JUNIOR, TARCISIO VERSIANI DE AZEVEDO FILHO, LUIS FERNANDO RESENDE MARQUES, THAIS ANDRESSA SILVA FAIER