Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA NEUROENDOCRINA HEPATICA PRIMARIA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os tumores carcinoides são Neoplasias Neuroendócrinas (NNEs) de crescimento lento e que acometem, geralmente, o trato digestivo e pulmões. Aproximadamente 74% destes tumores surgem no trato gastrointestinal, e o fígado, quando acometido, é na maioria das vezes sítio de metástases, sendo o Tumor Carcinóide Hepático Primário (TCHP) extremamente raro, com apenas 94 casos descritos na literatura. Devido a essa raridade, o diagnóstico do TCHP é complexo, e dificultado por sua similaridade com o Carcinoma Hepatocelular. A apresentação clínica é pouco específica, sendo a dor abdominal a principal queixa. O tratamento de escolha é a hepatectomia.
RELATO DE CASO
Feminino, 53 anos, queixando-se de dor abdominal, com Ultrassonografia (US) Abdominal normal. Realizou Endoscopia Digestiva Alta que evidenciou gastrite enantematosa leve de corpo gástrico, duodenite erosiva e positivo para H. pylori. Tomografia Computadorizada (TC) de abdome total com lesão de 5,3x5,1x4,4cm (118cm3), que sugeriu adenoma hepático. A colonoscopia não apresentou alterações. A Ressonância Nuclear Magnética (RNM) mostrou lesão de 6,4x6,1x4,9cm (191cm3) no segmento VII do fígado, bem delimitada, de contornos discretamente lobulados, sugerindo adenoma hepático, e indicou linfonodomegalia adjacente ao fundo gástrico. O anatomopatológico (AP) constatou a presença de um carcinoma de fígado. A imuno-histoquímica (IH) sugeriu sítio primário genital, todavia a RNM de pelve não mostrou alterações. Realizou-se a hepatectomia dos segmentos V, VI e VII. O AP da peça cirúrgica evidenciou neoplasia maligna epitelial com diferenciação glandular. A IH concluiu como neoplasia neuroendócrina bem diferenciada (NET grau 2, OMS 2010), com perfil não específico para determinar tipo histológico de origem.
DISCUSSÃO
O diagnóstico da NNE hepática é difícil, pois além de ser uma patologia rara, o diagnóstico é de exclusão. No caso relatado, inicialmente, a paciente apresentou um sintoma inespecífico, sendo solicitado US abdominal. Porém, este método tem limitações importantes na identificação de neoplasias hepáticas incipientes, sendo necessário métodos mais sensíveis, como a TC e RNM, que identificam, mas limitam-se quanto a determinação da malignidade/benignidade dos achados. A exemplo desse caso, a sugestão de uma lesão benigna retarda o diagnóstico, pois diretrizes atuais contraindicam a biópsia de todos os adenomas. Diante da persistência dos sintomas e o correspondente aumento da lesão, métodos mais invasivos devem ser adotados, como biópsia para análise AP e IH. A partir da comprovação da malignidade torna-se imperativo determinar se a lesão é primária ou metastática. Com a identificação da origem molecular da lesão, o tratamento e o prognóstico tornam-se mais direcionados e com melhores resultados. Faz-se necessário o aprimoramento dos atuais métodos diagnósticos a fim de diferenciar, ainda na fase pré-operatória, as NNEs primárias do fígado do carcinoma hepatocelular, tornando o prognóstico mais favorável.
Área
FÍGADO
Instituições
UFMT - Mato Grosso - Brasil
Autores
VICTOR AUGUSTHO BARBOSA, PEDRO HENRIQUE PADUAN, GILVAN LUÍS GAVA, FABIO HENRIQUE MENDONÇA DE OLIVEIRA, CARLOS EDUARDO RODRIGUES LOPES, AIRTON ROSSINI