Dados do Trabalho


TÍTULO

DERIVAÇAO BILIODIGESTIVA EM Y DE ROUX COMO TRATAMENTO DE SINDROME DE MIRIZZI

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Mirizzi (SM) é uma causa rara de icterícia colestática, resultante da obstrução extrínseca do ducto hepático comum por um cálculo impactado no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula biliar (VB), com ou sem fístula. Na maioria das vezes, não apresenta quadro clínico característico, diagnosticando-se muitas vezes no intraoperatório de colecistectomia. O tratamento de eleição é cirúrgico, sendo o diagnóstico pré-operatório particularmente importante devido ao elevado risco de lesão inadvertida da via biliar.

RELATO DE CASO

Paciente de 54 anos, feminina, com história de colelitíase assintomática diagnosticada por ultrassonografia abdominal, evoluiu com quadro súbito de icterícia, sem outros sintomas associados. Realizou colangiorressonância (ColangioRNM), que evidenciou dilatação importante da via biliar, coledocolitíase e SM. Foi submetida à colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com papilotomia e extração de cálculos. Após o procedimento, a paciente apresentou persistência de icterícia e episódio febril isolado, sendo internada sob a hipótese de colecistite/colangite. Indicou-se terapia cirúrgica com achados de VB com paredes espessadas, intensamente aderida ao duodeno, presença de fístula colecistobiliar grau IV e colédoco com cerca de 2 cm de diâmetro. Realizou-se o fechamento do coto da fístula com polipropileno 3-0 com continuamente, a secção do hepatocolédoco e hepático-jejuno anastomose em y de roux término – lateral, parede posterior com pontos separados e parede anterior continuamente, usando poliglecaprone 4-0. Análise histopatológica da peça demonstrou colecistite crônica, sem sinais de malignidade. Paciente evoluiu bem no pós-operatório (PO), com melhora clínico-laboratorial. Iniciada dieta via oral progressiva no 3° PO com boa aceitação. Recebeu alta hospitalar no 6º PO, sem queixas, sendo posteriormente avaliada no ambulatório, mantendo-se assintomática.

DISCUSSÃO

A SM constitui uma complicação rara de colecistite, ocorrendo em até cerca de 4% dos pacientes com colelitíase, prevalecendo em mulheres adultas. Resulta da compressão contínua do cálculo na parede do infundíbulo ou do ducto cístico, com obstrução da luz do ducto hepático comum e inflamação das estruturas envolvidas, resultando em fístulas (tipo II, III e IV) ou não (tipo I). Tal processo inflamatório dificulta a identificação das estruturas anatômicas, levando a elevado risco de lesão inadvertida da via biliar durante a colecistectomia. Por não haver uma apresentação clínica e laboratorial específica, explica-se a dificuldade de diagnóstico pré-operatório. A ColangioRNM e a CPRE são os métodos de escolha para estabelecer o diagnóstico e programar a correção cirúrgica, pois permitem boa definição anatômica. A presença de fístula grau IV justificou a realização da anastomose biliodigestiva, sendo mais comumente realizada a hepaticojejunostomia em Y-de-Roux.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL GERAL WALDEMAR DE ALCÂNTARA - Ceará - Brasil

Autores

RAIMUNDO RODRYGO DE SOUSA NOGUEIRA LEITE, JOÃO MARCELO MATOS PEREIRA DE OLIVEIRA, ROBERTO BRUNO LIMA DE MEDEIROS, EDUARDO BARROSO RIBEIRO, LUIZA HELENA LOHMANN PEREZ SILVEIRA, WILLER EVERTON FEITOSA DE MENEZES, ANA BEATRIZ FERNANDES SOBREIRA, JESSICA GURGEL SANTOS