Dados do Trabalho


TÍTULO

MASTECTOMIA COM PRESERVAÇAO DO COMPLEXO AREOLOPAPILAR: RELAÇAO ENTRE TIPOS DE INCISAO E VASCULARIZAÇAO DA AREOLA.

OBJETIVO

Considerando o padrão de irrigação vascular, espera-se que a escolha da incisão possa influenciar no risco de sofrimento vascular do complexo areolopapilar (CAP) na mastectomia. Desta forma buscamos com este trabalho avaliar a prevalência de complicações vasculares do CAP e sua relação com o tipo de incisão da mastectomia.

MÉTODO

Estudo transversal de pacientes submetidas à mastectomia e expansor tecidual imediato. Foram coletados dados demográficos, tipo de incisão e complicações vasculares do CAP (deiscência de sutura, epidermólise, necrose parcial e total).

RESULTADOS

Foram avaliadas 58 pacientes (64 mamas) pós-mastectomia com preservação do CAP entre 2012 e 2018. Todas as pacientes foram submetidas à colocação imediata de expansor tecidual. Foram excluídas as pacientes com colocação imediata de implante de silicone (fator que aumenta a tensão no retalho da mastectomia). A prevalência total de complicações vasculares do CAP foi de 18%. Houve 1 necrose total da areola (1,5%). Perda de 50% do CAP foi observada em 2 casos (3,0%). Perda de até 30% do CAP foi observada em 3 casos (4,5%). Epidermólise sem perda tecidual foi observada em 5 casos (7,5%). O tipo de incisão mais comum foi a periareolar superior com extensão lateral (32,8%). As outras incisões mais frequentes foram transversal superior (10,9%), T invertido (9,3%) e inframamária (6,3%). Não houve desvascularização do CAP em nenhum dos casos tratados com incisão inframamária. Todas as complicações vasculares ocorreram em cicatrizes com componente periareolar ou localizadas nos quadrantes superiores das mamas.

CONCLUSÕES

A viabilidade vascular do retalho da mastectomia depende de múltiplos fatores. Os principais incluem condições anatômicas, cicatrizes ou radioterapia prévias e técnica cirúrgica. A relação entre incisão da mastectomia e necrose do CAP é questão primordial na redução do risco de complicações e na qualidade estética da reconstrução mamária. Ainda que a escolha de incisão não seja o único fator relacionado a sofrimento vascular do CAP, a série estudada está em conformidade com a literatura (maior risco nas periareolares e menor risco nas inframamárias), após ajuste para outros fatores (como cicatrizes prévias e volume mamário). A opção de preservação do CAP necessita de planejamento mais detalhado, garantindo acesso seguro ao tratamento oncológico e aporte vascular satisfatório. Verifica-se assim que a preservação do CAP melhora a qualidade estética e o nível de satisfação da paciente pós-reconstrução, sendo a escolha da incisão da mastectomia um fator importante na manutenção da viabilidade vascular do CAP.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Ignacio Salonia Goldmann, João Maximiliano Pedron Martins, Isabel Crivelatti, Daniel Trahtman de Boer, Rafael Netto, Lucas Pastori Steffen, Maira Caleffi