Dados do Trabalho


TÍTULO

PIODERMA GANGRENOSO PÓS- MAMOPLASTIA REDUTORA SEM IMPLANTES

INTRODUÇÃO

Relata-se o caso de uma paciente de 27 anos, submetida a mamoplastia redutora (MR) sem inclusão de implantes, que evoluiu para pioderma gangrenoso (PG), uma doença rara e inflamatória. O diagnóstico é clínico, evidenciando-se a importância da investigação, mas que é dificultado pela semelhança com feridas infectadas e fascite necrosante.

RELATO DE CASO

G.V.S., feminino, 27 anos, foi submetida a MR. Para a MR utilizou-se a marcação dos pontos A,B,D,C e E descrita por Pitanguy, um esvaziamento de tecido glandular mamário ( em quilha de navio) conforme descrição original. Foi confeccionado retalho dermoglandular de Liacyr Ribeiro para preenchimento mamário e realizado migração do complexo areolomamilar CAM por pedículo superomedial descrito por Silveira Neto.
A paciente obteve alta após 24 horas. Retornou no 3º dia de pós-operatório (DPO) para retirada do dreno. Apresentou a cicatriz seca, sem sinais flogísticos. No 5º DPO, iniciou o surgimento de eritema em ferida vertical mamária bilateralmente. No 10º DPO, paciente mantinha-se bem clinicamente sem sintomas de febre, porem evoluiu para lesão bolhosa local com posterior ulceração.
A lesão possuía bordos elevados com ausência de secreção purulenta. Com suspeita de PG, foi realizada a internação hospitalar.
Realizou-se cultura de secreção e biopsia de tecido vivo, com resultado inespecífico e início de metilprednisolona, 1g/dia por dois dias, substituindo em seguida por prednisona 20 mg/dia conforme o parecer do Serviço de Reumatologia. As feridas foram tratadas com oxigenoterapia hiperbárica associado com o curativo a vácuo (Pico®). Pela não confirmação de PG optou-se pelo uso de antibioticoteraia endovenosa (ciprofloxacina e clindamicina).
Com estabilização das feridas e do processo imunológico, a paciente teve alta hospitalar em 4 dias, em uso de prednisona 20 mg e ciclosporina 50 mg. Mantendo as sessões de hiperbárica (totalizou 30 sessões).
A paciente evoluiu bem ao tratamento com fechamento completo das lesões e pequena área de granulação residual bilateral.

DISCUSSÃO

O PG é uma doença de etiopatogenia incerta. Clinicamente, observa-se a presença de pústulas hemorrágicas, nódulos dolorosos ou múltiplas vesicopústulas que evoluem para úlceras destrutivas que crescem centrifugamente com bordas bem delimitadas, levemente elevadas e violáceas apresentando centro necrótico, com sangue, pus e tecido de granulação. Esse tipo de evolução foi descrito e observado no caso desta paciente ao longo da sua internação.
Na maior parte dos casos, seu diagnóstico é feito por exclusão. É importante, também, salientar o desenvolvimento do PG após MR no caso relatado.
O tratamento é bastante variável, tendo como base, na maioria dos casos, um imunossupressor. No caso relatado, o tratamento conteve uso de corticoides, imunossupressor, antibióticos e sessões de câmara hiperbárica.
Atualmente, a paciente está em acompanhamento sem recidiva e apresentou fechamento completo das lesões em aproximadamente 3 meses após o início do quadro.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

UniCEUB e ESCS - Distrito Federal - Brasil

Autores

Vitória Cruz Araujo , Leonardo Palermo Barbosa, Ricardo Cintra