Dados do Trabalho


TÍTULO

TATICA CIRURGICA DE CORREÇAO DE HERNIA HIATAL RECIDIVADA ASSOCIADA A ULCERA DE CAMERON EM MULHER OBESA

INTRODUÇÃO

A obesidade pode promover a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) por meio do aumento da pressão intra-abdominal e do gradiente de pressão gastroesofágica, além de induzir alterações mecânicas na junção esôfago-gástrica. A associação entre hérnia hiatal e DRGE pode tornar esta refratária ao tratamento clínico, suscitando a necessidade de tratamento cirúrgico. Ainda, a hérnia hiatal pode cursar com complicações, como úlceras de Cameron, causa pouco lembrada de anemia ferropriva. O presente trabalho se propõe a apresentar um caso de paciente obesa, portadora de hérnia hiatal, submetida a tratamento cirúrgico para estas duas entidades.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 40 anos, branca, IMC 39,4 m/kg², encaminhada ao ambulatório de cirurgia geral de um hospital de referência sintomas de refluxo gastroesofágico intenso e anemia ferropriva a esclarecer.
Passado cirúrgico de abdominoplastia há 13 anos e hiatoplastia e fundoplicatura a Nissen há sete anos devido a sintomatologia grave de DRGE refratária a tratamento clínico.
Na investigação diagnóstica, realizou endoscopia digestiva alta que flagrou hérnia hiatal associada a úlcera em plicatura de fundo gástrico.
Diante do quadro, optou-se pela realização de hiatoplastia e gastrectomia vertical associada a medidas anti-refluxo para o tratamento da obesidade. Paciente evoluiu de maneira satisfatória, recebendo alta hospitalar no terceiro dia de pós operatório, aceitando bem dieta oral líquida. Segue em acompanhamento ambulatorial com melhora dos sintomas de refluxo e perda ponderal adequada.

DISCUSSÃO

Até 50% dos paciente obesos mórbidos podem desenvolver sintomas de DRGE. Os sintomas podem se agravar ou serem refratários a tratamento clínico se a obesidade estiver associada a alterações mecânicas na junção esogástrica, e / ou à presença de hérnia hiatal. A presença de úlceras de Cameron sempre deve ser investigada em paciente com hérnia hiatal e anemia ferropriva crônica, devido às perdas sanguíneas gastrointestinais promovidas por essas lesões. A paciente apresentada no relato de caso teve seu diagnóstico retardado devido a dificuldade de identificação de qualquer lesão do trato gastrointestinal, mesmo após exame de cápsula endoscópica. As lesões de Cameron foram visualizadas em EDA somente após múltiplas tentativas diagnósticas. A cirurgia bariátrica pode ser aventada, associada ou não a hernioplastia hiatal para tratamento de paciente com obesidade mórbida com sintomas de DRGE refratários a tratamento clínico. A despeito da maior associação da DRGE com sleeve gástrico, no caso em questão, optou-se pela gastrectomia vertical em vez da derivação gástrica em Y-de-Roux pelo risco potencial de herniação da bolsa gástrica, bem como pelo risco de deixar uma úlcera previamente sangrante em uma porção do estômago inacessível endoscopicamente - estômago excluso.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

Hospital Universitário Professor Alberto Antunes - Alagoas - Brasil

Autores

Maria Carolina Santos Malafaia Ferreira, Anderson Teixeira Cavalcante, Anna Karoline Rocha de Souza, Caroline Carvalho Ferro, Guilherme Costa Farias, Tadeu Gusmão Muritiba, Bruno Fuerst Gonçalves de Carvalho