Dados do Trabalho


TÍTULO

O RARO CARCINOMA EPIDERMOIDE VESICAL TRATADO COM RADIOQUIMIOTERAPIA

INTRODUÇÃO

O câncer de bexiga é a neoplasia maligna geniturinária mais comum em homens e mulheres e é amplamente classificado como urotelial e não-urotelial. O primeiro representa 90% dos tumores de bexiga no mundo ocidental, contendo, como principal fator de risco, a exposição ambiental a potenciais carcinógenos, como o tabaco. Já os tumores não-uroteliais representam 5% de todos os cânceres vesicais, e, dentre eles, 90% são de origem epitelial, como o carcinoma epidermóide, o qual está frequentemente associado à história de infecções crônicas, cálculos vesicais e, em áreas de risco, infecção esquistossômica. Os pacientes geralmente apresentam hematúria macro ou microscópica e sintomas irritativos do trato urinário inferior. O passo inicial para o diagnóstico e estadiamento da lesão é a realização de cistoscopia combinada com a ressecção transuretral (RTU) do tumor vesical.

RELATO DE CASO

Homem, 38 anos, acondroplasia, transplantado renal. Não tabagista. Diagnóstico de lesão vegetante em fundo vesical, por tomografia computadorizada (TC) de abdome. Submetido à ressecção transuretral (RTU) do tumor, anatomopatológico evidenciou carcinoma urotelial de alto grau com padrão papilar e diferenciação epidermóide, invasão focal de lâmina própria e sem invasão muscular, confirmada pela imunohistoquímica – estadiamento pT1N0M0. Contraindicada quimioterapia intravesical com BCG, visto uso de imunossupressores. Durante seguimento, foi submetido à segunda RTU, histologia novamente carcinoma urotelial com extensa diferenciação escamosa, porém nesta amostra houve comprometimento de camada muscular própria, T4bN0M0. Estadiamento com TC de tórax e abdome não evidenciou lesões metastáticas. Caso discutido em conjunto com a equipe multidisciplinar. Devido a contraindicações clínicas absolutas, optou-se por realizar tratamento com intuito curativo com radioquimioterapia.

DISCUSSÃO

É visto que a maioria dos carcinomas epidermóides consistem em tumores vegetantes invasivos ou infiltrativos e ulcerativos. O nível de diferenciação citológica é variável, apresentando-se desde neoplasias anaplásicas com diferenciação escamosa até lesões altamente diferenciadas produtoras de queratina. As neoplasias não-uroteliais geralmente são diagnosticadas em estágios mais avançados, manifestando, assim, pior prognóstico. O tratamento primário consiste em cistectomia radical, entretanto, por apresentar alto índice de recorrência, é justificável realizar radioterapia pré-operatória. Para pacientes que não são candidatos cirúrgicos, a quimiorradioterapia representa uma abordagem razoável, especialmente porque esses tumores tendem a ser localmente agressivos. Contudo, ainda existem poucos dados prospectivos para orientar o gerenciamento.

Área

UROLOGIA

Instituições

Pucrs - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Giullia Garibaldi Bertoncello, Maria Luiza Santos , Pedro Lucas De Paula , Maria Eduarda Deon Ceccato, Andrei Cardoso Centeno, Gustavo Winter, Luis Fernando Gomes Susin, Jorge Antônio Pastro Noronha