Dados do Trabalho


TÍTULO

ILEO BILIAR COLONICO DE COLON TRANSVERSO: RELATO DE CASO DO HOSPITAL UNIVERSITARIO REGIONAL DE MARINGA- HURM

INTRODUÇÃO

O íleo biliar colônico é uma complicação rara da colelitíase. Devido a quadros inflamatórios recorrentes, há a formação de uma fístula colecistocolônica ou uma fístula colecistoentérica com progressão do cálculo pela válvula íleo cecal.
Fístulas da vesícula biliar ocorrem em 70% dos casos no duodeno e em 10 a 20% no cólon. Mulheres a partir dos 70 anos são mais acometidas, e o diagnóstico pré-operatório é difícil, suspeitando-se em casos onde o paciente apresenta infecções recorrentes e autolimitadas do trato biliar, diarreia grave ou perda de peso, aerobilia em exames de imagem ou pelo achado direto do orifício fistuloso durante colonoscopia.

RELATO DE CASO

Z. A. S, mulher de 88 anos, foi encaminhada ao Hospital Universitário Regional de Maringá (HURM) por uma suspeita de abdome agudo obstrutivo.Apresentava quadro de obstipação intestinal há 9 dias além de náuseas, vômitos e febre (39ºC) sem melhora após o uso de laxantes orais e lavagem intestinal retal.
Portadora de hipertensão arterial, cardiomiopatia dilatada e doença de Alzheimer. Ao exame físico: abdome globoso, ausência de ruídos hidroaéreos, hipertimpanismo, dor difusa à palpação e ampola retal vazia ao toque digital. A radiografia de abdome apresentava distensão abdominal difusa e a tomografia, sinais sugestivos de processo inflamatório da vesícula biliar e distensão gasosa de alças intestinais colônicas. HMG infeccioso PCR elevada (31.400 leucócitos- 12% de bastões e PCR de 96).
Submetida a laparotomia exploratória que evidenciou: distensão de alças de delgado e cólon direito, processo inflamatório perivesicular, fistula colecistocolônica entr parede posterior da vesícula e cólon transverso com a presença de dois cálculos biliares de aproximadamente 4 cm de diâmetro cada. Realizada colectomia parcial e anastomose íleo-cólica latero-lateral com duplo grampeamento linear. Paciente seguiu para cuidados pós-operatórios em UTI e evolui para óbito no 1ºPO por parada cardiorrespiratória devido à bradicardia refratária às medidas terapêuticas.

DISCUSSÃO

O íleo biliar colônico é uma patologia rara, incidindo em menos de 1% dos pacientes com colelitíase e em 1 a 4% das obstruções intestinais. A pressão que o cálculo faz sobre a parede inflamada da vesícula leva à erosão progressiva e formação de uma fístula. Mais comum em faixa estária alta, associando-se com outras comorbidades: 47% dos casos cardiovascular, assim como relatamos. Em 67% dos casos há associação com diverticulite, diferindo de nosso relato. Os sintomas mais comuns são dor abdominal e constipação, durando em média 5 dias. Não há consenso quanto ao manejo do íleo biliar, seja no tratamento conservador, abordagem endoscópica ou cirúrgica. A paciente foi submetida a laparotomia por uma obstrução colônica arrastada, nesses casos a mortalidade pós-operatória é elevada. O relevante de nosso caso é a baixa casuística descrita na literatura, sendo que dos 7 casos relatados de fistúla colecistocolônica no Japão nos últimos 36 anos, apenas 1 era de cólon transverso.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - Paraná - Brasil

Autores

GUILHERME TELLES HAHN, BRUNO FILIPE VIOTTO PETTA, LORENA LIMA GARGARO