TÍTULO

Panorama da captação de órgãos e tecidos para transplantes em um hospital público

OBJETIVO

O transplante de órgãos é a única possibilidade terapêutica para portadores de insuficiência funcional terminal de órgãos essenciais, porém ainda existe grande desproporção no Brasil e em outros países, entre a fila de espera e o número de transplantes efetivados (WESTPHAL, 2016).
Em 2015, o Brasil apresentou índice anual de nove transplantes por milhão de habitantes. No Brasil o índice de captação anual de órgãos é insuficiente para suprir a demanda, comparado a países mais desenvolvidos que alcançam números superiores a 22 doadores por milhão (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPORTE DE ÓRGÃOS, 2015; MELO, 2012).
Diante da desproporção entre oferta e demanda de órgãos no país, justifica-se a necessidade do conhecimento da realidade da busca ativa da doação de órgãos e tecidos para transplantes em um hospital público. O objetivo deste estudo é delinear o panorama da busca ativa da doação de órgãos e tecidos para transplantes em um hospital público.

MÉTODO

Trata-se de análise documental de dados estatísticos relativos ao período de 2006 a 2015, de acesso público e divulgados pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CIH-DOTT-HC-UFTM), sem possibilidade de identificação individual.
Os dados foram coletados no site da CIHDOTT-HC-UFTM e compilados no Excel 2010, com posterior análise descritiva, baseado em números absolutos e percentuais.

RESULTADOS

Os resultados quanto ao número de busca ativa e doações autorizadas são pertinentes à Instituição de estudo, entretanto, o número de transplantes realizados obedece à permuta regional, estadual ou do país.
Entre os anos de 2006 a 2015 a CIHDOTT-HC-UFTM efetuou 6184 (100%) ações de busca ativa de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Entre essas, ocorreram 993 (16,06%) entrevistas junto aos familiares e 274 (4,43%) doações autorizadas.
No período de 10 anos aumentou o número de entrevistas realizadas de 78 (1,26%) para 133 (2,15%) sem acompanhar o número de doações autorizadas de 34 (0,55%) para 17 (0,27%). Na Instituição de estudo, nos anos de 2006 a 2015, o número de doadores de córnea foi 286 (85,89%) e 47 (14,11%) de múltiplos órgãos. No decorrer de dez anos ocorreu captação de 664 (100%) órgãos ou tecidos, especialmente córnea (84,80%) e rim (13,25%), sendo incomum ainda a obtenção de fígado (1,80%) e pâncreas (0,15%).

CONCLUSÕES

Ao longo de 10 anos aumentou consideravelmente a busca ativa, entretanto com redução das doações autorizadas. O número de doadores de tecidos, especificamente córnea, ultrapassa os doadores de múltiplos órgãos, porém os doadores de córnea diminuíram ao longo dos anos. No decorrer de dez anos ocorreu captação, especialmente de córnea e rim, sendo incomum ainda a obtenção de fígado e pâncreas.
O panorama de 10 anos mostra 286 doadores de córnea e de múltiplos órgãos, 17 implantes de esclera e limbo, 664 órgãos captados e 537 transplantes realizados..