Dados do Trabalho
TÍTULO
MANEJO DE PACIENTE COM GRANDE HERNIA INCISIONAL DURANTE A GESTAÇAO – UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Dos pacientes submetidos a cirúrgica abdominal, o fechamento pode não ocorrer satisfatoriamente em 3 a 26%. A retração da aponeurose causa o surgimento da hérnia incisional (HI), em geral, nos primeiros cinco anos após a operação. A maioria é assintomática, 1/3 está associada à dor, ao encarceramento e ao estrangulamento. Os fatores de risco para HI são os associados ao paciente (comorbidades, obesidade, tabagismo, múltiplas laparotomias prévias), a fatores locais (infecção de ferida operatória) e da técnica cirúrgica. A HI na gestação é grave e está associada a complicações, como, retardo do crescimento intra-uterino, aborto espontâneo, parto prematuro e morte intra-uterina.
RELATO DE CASO
VHS, sexo feminino, 38 anos, realizou cirurgia bariátrica por técnica de Scopinaro há 16 anos, possuía IMC de 64,56 Kg/m2, teve 2 ocorrências de TVP, uma evoluindo para TEP. Nos primeiros 11 anos de cirurgia perdeu 129kg, evoluindo com síndrome disabsortiva, sendo realizada laparotomia para aumento de alça intestinal que evoluiu com infecção de parede e deiscência, corrigida por cirurgia. Seis meses após essa cirurgia procurou serviço de saúde devido à grande hérnia incisional com evisceração de 10 cm de alça intestinal de coloração rósea, peristalse preservada e associada a dor intensa, paciente relatava que estava gestante de 35 semanas e em uso de clexane (devido ao passado de TVP e TEP), a conduta mantida foi expectante com uso de sintomáticos. O parto cesáreo foi feito com idade gestacional de 37 semanas, RN com boa vitalidade. Após 42 dias de pós-parto ocorreu aumento de evisceração da HI, com exposição de 15 cm de alça intestinal e encarceramento, sendo necessária a realização de laparotomia de emergência, com preservação de alça e fechamento de parede abdominal, com ausência de prótese sintética no interior da cavidade abdominal para obliteração do orifício herniário devido a falta do material em serviço de saúde público.
DISCUSSÃO
A conduta expectante da HI durante a gravidez e periparto se dá na ausência de complicações como encarceramento, infecção ou obstrução, como no caso da paciente, tendo poucos casos na literatura sobre a condução de hérnias incisionais na gravidez. Logo, a herniorrafia deve ser adiada até o pós-parto, visto que o útero aumentado e a flacidez da parede abdominal dificultam a reparação da lesão na gestação, o que justificou a conduta realizada como adequada.
A HI é um problema complexo, de tratamento difícil e comumente recidivante, sendo importante a identificação de fatores de risco e a individualização do tratamento dos pacientes. Recidivas ocorrerão em 11% a 30,3% das herniações, dentre outras causas, devido a hérnias grandes e em pacientes obesos, características presentes na paciente em questão.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Uniceub - Distrito Federal - Brasil
Autores
Matheus Moreno de Oliveira, Ana Carolina Gomes Siqueira, Letícia Reis Kalume, Marcelo Costa Cronemberger, Amanda Cristina de Souza, Ana Beatriz Pereira de Souza, Gustavo Werneck Ejima, Mariana França de Melo