Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA CISTICA MUCINOSA PANCREATICA COM DEGENERAÇAO MALIGNA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
As neoplasias císticas constituem um grupo incomum entre as neoplasias pancreáticas, e dentre elas as lesões císticas mucinosas representam 44-49%. Ocorrem predominantemente no sexo feminino (>95%), idade média de 50 anos, sendo mais comuns no corpo e cauda do pâncreas (75%). Apesar de possuir sintomatologia vaga, como dor abdominal em epigástrio, por apresentarem potencial maligno é frequente a apresentação de sintomatologia ao diagnóstico. Sinais e sintomas como icterícia, diabetes mellitus (DM), hipertensão portal, hemobilia ou hemosuccus pancreaticus sugerem malignidade. A distinção das lesões benignas e malignas pode ser um desafio e o diagnóstico histopatológico requer minucioso cuidado, sendo preconizado exame histológico de toda a peça.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 38 anos, encaminhada ao serviço de Cirurgia Geral com histórico de dor em andar superior do abdome, associada a febre, vômitos, massa palpável em hipocôndrio e flanco esquerdos e perda ponderal de 15kg em 2 meses. Paciente com antecedentes de DM, tabagismo, colelitíase e coledocolitíase o que motivou investigação diagnóstica inicial. Solicitado ultrassonografia abdominal, sendo visualizada colelitiase, coledocolitiase e lesão cística em corpo pancreático de conteúdo hipoecóico e projeções papilares ecogênicas, de 13,1x12,1x11,1cm. Quadro de coledocolitiase resolvido com CPRE e papilotomia. Prosseguiu-se à investigação com tomografia computadorizada que caracterizou a lesão como de aspecto sólido-cística, com realce de parede e de componentes sólidos, sugestivo de tumor de Frantz. A paciente foi submetida a pancreatectomia corpo-caudal aberta com esplenectomia e colecistectomia. Procedimento sem intercorrências. Apresentou boa evolução clínica, porém desenvolveu fístula pancreática, recebendo alta no 5º dia pós-operatório com o dreno e retorno ambulatorial. Paciente com resolução completa do quadro no 25ºDPO. Anatomopatológico de peça cirúrgica evidenciou características compatíveis com neoplasia cística mucinosa pancreática, associada a carcinoma invasivo bem diferenciado grau 1.
DISCUSSÃO
Diversas séries reportam que 10% a 50% dos tumores mucinosos do pâncreas são malignos, tendo como fatores de risco o tamanho, presença de nodularidade, septos e calcificações. A diferenciação das neoplasias císticas pancreáticas com base apenas na interpretação de imagens apresenta resultados controversos. Ė importante realizar um estudo detalhado da lesão, idealmente com exames de imagem e avaliação dos marcadores tumorais no líquido intralesional, para estabelecer com mais especificidade possível o potencial maligno da mesma. Uma vez diagnosticado, a conduta nos tumores mucinosos é cirúrgica. No intra-operatório é necessário ter o cuidado de realizar a exérese completa do cisto sem o rompimento da cápsula, pois o extravasamento do material para a cavidade pode levar a disseminação tumoral, e causando a formação de pseudomixoma peritoneal.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Larissa Machado e Silva Gomide, Eduarda Jacinto Bauer, Ana Virgínia Ferreira Figueira, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves, Mateus Medeiros dos Santos, Bruno Luis Oliveira Correa, Mario Henrique Bitar Siqueira