Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DISAUTONOMICA NO AMBIENTE CIRURGICO

INTRODUÇÃO

Disautonomia é um transtorno neurológico provocado por alterações do sistema nervoso autônomo, responsável pelo controle das funções involuntárias do corpo, como pressão arterial, frequência cardíaca, dilatação e contração das pupilas, temperatura corporal e digestão. Pacientes acometidos com disautonomia apresentam sintomas, como fadiga intensa, hipotensão postural, taquicardia, distúrbios gastrintestinais, alterações oftalmológicas. As disautonomias podem surgir de modo idiopático ou serem deflagradas por outras patologias, como doença celíaca, diabetes, Doença de Parkinson, trauma, procedimentos cirúrgicos e carência de vitaminas. O tratamento da disautonomia incide sobre a doença de base, diminuindo os sintomas disautonômicos, porém, não existe cura para esse transtorno. O objetivo deste relato é mostrar que a síndrome disautonomica é um diagnóstico diferencial em quadros de dismotilidade intestinal, deixando o tratamento cirúrgico de ser a primeira opção terapêutica.

RELATO DE CASO

N. M. L. F., 49 anos, gênero feminino, foi admitida no Pronto-Socorro de Cirurgia Geral do HRAN, com quadro de dor e distensão abdominal, inapetência, anorexia, constipação intestinal e vômitos. Ao exame de admissão apresentava abdome distendido com peristalse visível e taquidispneia. Exames complementares evidenciavam distensão de alças a montante sem ponto de stop determinado. Paciente relatava que há aproximadamente 19 anos, faz acompanhamento com a gastroenterologia, por constipação crônica, quadros frequentes de dispepsia, distensão abdominal, eructações e halitoses, apresentando piora em janeiro 2018, sendo realizadas diversas intervenções cirúrgicas por abdome agudo obstrutivo (colectomia total com ileostomia terminal após diagnóstico intra-operatório de megacólon sem ponto de obstrução intestinal evidenciado; piloroplastia em decorrência de disfagia esofagiana, reconstrução de trânsito intestinal, bypass jejunal, ooforectomia direita). Realizou previamente duas cirurgias de sling por incontinência urinária. Encaminhada novamente à sala de cirurgia para realização de laparotomia exploradora com confecção de ileostomia em alça. Em decorrência ao quadro de midríase fixa, variações pressóricas, taquicardias persistentes e íleo paralítico, a equipe de neurologia do HRAN sugeriu diagnóstico de Síndrome de Disautonomia e iniciou tratamento com beta-bloqueador, apresentando boa resposta.

DISCUSSÃO

A dismotilidade gastrointestinal é um diagnóstico complexo, pois os sintomas de disautonomia são inespecíficos, como íleo paralítico, sintomas ortostáticos, náuseas e vômitos. É necessário realizar uma investigação neurológica, com uso de testes de função autonômica, em pacientes com sintomas sugestivos, a fim de se atingir o diagnóstico. O tratamento visa tratar a doença de base, minimizando sintomas, proporcionando maior qualidade de vida ao paciente, não sendo possível, entretanto, atingir a cura do transtorno.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Regional da Asa Norte - Distrito Federal - Brasil

Autores

Leonardo dos Santos Ferreira, Karoline Laurentino Lopes Pinto, Carolina Martins Pereira, Bruna Stéfany Bento de Sousa Teles, Alexandre Rodriogues Alves, Adriano Pamplona Torres, João Lucas Farias do Nascimento Rocha, Victor Mateus Xavier de Santana