Dados do Trabalho
TÍTULO
NEUROMODULAÇAO SACRAL PARA TRATAMENTO DE INCONTINENCIA FECAL: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A disfunção do assoalho pélvico, que inclui incontinência urinária, incontinência fecal (IF) e prolapso de órgãos pélvicos, é uma condição debilitante que afeta cerca de 25% das mulheres. A IF é definida como perda involuntária de fezes sólidas ou líquidas e gás em pacientes com idade superior a 4 anos. A IF tem um grande impacto na qualidade de vida (QV) e o tratamento é fundamental para prevenir seu declínio progressivo.
RELATO DE CASO
SMMS, 60 anos, com IF há 5 anos, associado a dor ao defecar e sensação de bloqueio evacuatório. Score da escala de Wexner= 15. Queixava-se de dificuldade para urinar com sensação de abaulamento vaginal. G3P3N2C1, primeiro parto vaginal com uso de fórceps por período expulsivo prolongado. Paciente com hipotonia de repouso, contração voluntária pobre e retocele. Ressonância magnética de pelve e canal anal: canal anal entreaberto com acentuado afilamento da musculatura do esfíncter externo e do músculo puborretal esquerdo associado a descontinuidade das fibras musculares. Manometria anorretal: Pressão média de repouso:27,4mmHg; Pressão média de contração:36,67mmHg; Canal anal funcional: 4cm; Zona de mais alta pressão:1cm e incapacidade da sustentação de contração voluntária em 40s. Feito correção cirúrgica de cistocele via transvaginal, com melhora das queixas uroginecológicas e disquézicas. Após 5 meses foi realizada a fase de teste da neuromodulação sacral, com implante de eletrodo conectado a gerador externo temporário. Evoluiu com melhora de 70% dos sintomas. Devido à resposta satisfatória, foi submetida à segunda etapa, o implante do gerador definitivo, Interstim II. Após 3 meses relatava perda de gases esporádicas e negava perda de fezes líquidas. Melhora significativa nos escores de qualidade de vida.
DISCUSSÃO
A incontinência pode ocorrer por doenças que afetam a musculatura esfincteriana e/ou àquelas que promovam a sua desnervação. As causas mais comuns de IF em mulheres são lesões obstétricas. A avaliação da incontinência requer um estudo anatômico e fisiológico. Recomenda-se a sigmoidoscopia para avaliar doença luminal, se ausente, testes como ultrassom e manometria anal são indicados. Segundo o Guideline da Sociedade Americana de Cirurgiões Colorretais, a neuromodulação sacral é a primeira opção terapêutica após falha do tratamento conservador (dieta/fisioterapia). Seu mecanismo não é totalmente conhecido, acredita-se que há uma modulação da resposta aferente, aplicando uma corrente elétrica de baixa voltagem por meio de um eletrodo implantado através do forame sacral de S3. A terapia consiste em uma fase inicial de teste em que o eletrodo é implantado e acoplado a um gerador externo provisório. Caso tenha redução em mais de 50% dos sintomas então um gerador permanente é implantado e programado para o padrão do indivíduo. É a terapia padrão ouro para incontinência de todos os níveis e está associado a uma baixa morbidade e uma melhora importante na QV, justificando o tratamento mesmo quando a cura completa pode não ser possível.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
Universidade de Rio Verde - Goiás - Brasil
Autores
Larissa Mercadante de Assis , Maria Bianca De Lacerda Fernandes Côrte, João Vítor Vilar Silveira