Dados do Trabalho
TÍTULO
COLEDOCOLITIASE SECUNDARIA A CORPO ESTRANHO
INTRODUÇÃO
A causa mais comum de icterícia obstrutiva é a coledocolitíase. Esta, por sua vez, pode ser residual ou secundária, quando diagnosticada menos de dois anos após a colecistectomia, ou primária de via biliar, quando diagnosticada mais de dois anos pós colecistectomia. Uma causa pouco frequente de coledocolitíase primária é a presença de corpo estranho na via biliar. Os mais encontrados são corpos estranhos residuais de cirurgias prévias , como materiais de sutura e endoclipes, ou, em menor frequência, estilhaços provenientes de trauma abdominal penetrante. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de coledocolitíase obstrutiva secundária a corpo estranho na via biliar principal.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 62 anos, encaminhada ao serviço de cirurgia geral de hospital de referência com quadro de icterícia, colúria e acolita fecal, dor abdominal e náuseas com piora pós-prandial de evolução de cerca de 20 dias e episódios de febre. Antecedente de colecistectomia por via laparotômica, complicada com abdome agudo inflamatório por perfuração vesicular, há 04 anos. Na complementação diagnóstica, foi submetida à ultrassonografia de abdome total, que evidenciou colédoco com 1.9cm e imagem sugestiva de cálculo em via biliar distal. A colangiorressonância flagrou acentuada dilatação de vias biliares intra e extra-hepáticas, com presença de pelo menos dois cálculos em colédoco distal, medindo 2,7 x 2,0cm e 1,4 x 0,8cm. O maior diâmetro coledociano era de 3,0cm. Não visualizada imagem de vesícula biliar. Diante do quadro, a paciente foi submetida a exploração de vias biliares por laparotomia. Realizou-se coledocotomia longitudinal e exploração proximal e distal das vias biliares com pinças de Randall. Evidenciou-se cálculos acastanhados moles, anucleados em torno de corpos estranhos com aspecto de fios de algodão, dois deles amarados como ligaduras. Após o clareamento completo da via biliar, a paciente foi submetida a derivação biliodigestiva colédoco-duodenal, por conta do calibre aumentado da via biliar. No pós-operatório, apresentou melhora progressiva da icterícia e do quadro álgico, recebendo alta hospitalar no sexto dia de pós-operatório, com melhora clínica global.
DISCUSSÃO
A presença de corpos estranhos na luz da via biliar constitui evento raro. Podem decorrer de material cirúrgico residual, objetos ingeridos ou projéteis/estilhaços alojados após trauma abdominal. Apesar de incomum, a síndrome ictérica secundária a corpo estranho alojado em via biliar deve constar entre as hipóteses diagnósticas daqueles pacientes com antecedente relevante, independente do tempo decorrido entre este e o diagnóstico.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Hospital Universitário Professor Alberto Antunes - Alagoas - Brasil
Autores
Maria Carolina Santos Malafaia Ferreira, Raiana Santos Lins, Caroline Carvalho Ferro, Tadeu Gusmão Muritiba, Bruno Fuerst Gonçalves de Carvalho, Anna Karoline da Rocha Souza, Adriana Melo Barbosa Costa, Igor de Lima Ribeiro