Dados do Trabalho
TÍTULO
TRATAMENTO CONSERVADOR DO TRAUMA ESPLENICO EM PACIENTE POLITRAUMATIZADO
INTRODUÇÃO
Mundialmente, o trauma esplênico contuso representa 25% das lesões de órgãos sólidos e tem índices de mortalidade entre 7% e 18%, sendo o baço o órgão mais acometido em traumas abdominais contusos. Ocorrem na maioria das vezes, 60%, em acidentes automobilísticos e, se rompido, sangra profusamente visto que sua cápsula é fina e seu parênquima é mole e carnudo. A esplenectomia era o recurso usado para tratar a maioria dos traumas, entretanto, houve um aumento do tratamento não operatório (TNO), se tornando o padrão ouro para os pacientes estáveis, sem outras lesões internas que requeiram cirurgia.
RELATO DE CASO
RNC, 31 anos, colisão carro x anteparo em 19/01/2019, atendida em Unidade Hospitalar e após avaliação recebeu alta horas depois. Buscou emergência do IHBDF em 2 dias com icterícia e dor abdominal. Abdome flácido, doloroso à palpação profunda em topografia superior. FAST positivo em topografia esplênica e pelve, E-FAST duvidoso em hemitórax esquerdo, sinais vitais estáveis. TC abdome: Laceração em segmento VII hepático; aspecto superior do baço, rim direito além de hematoma subcapsular; Trombo na veia renal direita com extensão a veia cava inferior; TC tórax: Lâmina derrame pleural bilateral; pneumotórax à esquerda; Fratura do 9°, 10° e 11° arcos costais esquerdos. BbT: 6,85 mg/dL, BbD:4,34 mg/dL, BbI:2,51 mg/dL, Cr:1,33mg/dL, Uréia: 44,8mg/dL, Hb:8,1g/dL, Ht:24,9%, leucócitos 11,6 x10.000/uL. Tratamento conservador. Pico bilirrubinas em 23/01/19, mg/dL, total 11.65, direta 6,17 e indireta 5,48. Queda até valor mínimo em 03/02 de total 1,4; direta 0,93 e indireta 0,47. Valor mínimo em 27/01 de Hb 7,7 mg/dL e Ht 23,6%, transfusão de 2CH. Controle de imagem sem alterações. À enfermaria em 02/02/19, tratamento conservador.
DISCUSSÃO
Pensar em trauma esplênico, além do mecanismo de trauma, também achados clínicos: Sinal de Ballance, Sinal de Kehr e hemorragia em dois tempos. FAST avalia presença de líquido livre. TC avalia o baço em graus de lesão I,II,III,IV e V. Tratamento não operatório (TNO) é uma das mais notáveis alterações na abordagem do trauma, consiste na observação rigorosa com repouso relativo no leito, dosagens do hematócrito, hidratação, jejum por 24 a 48 horas, até uma melhor definição da não necessidade cirúrgica, antibioticoprofilaxia, de acordo com protocolo bem estabelecido. Nosso paciente enquadra-se no estágio III de lesão, sem alteração dos sinais vitais e sem instabilidade, mesmo com necessidade de hemoderivados, que justificaram TNO. Preditores de falha da TNO são: Hipotensão na admissão, alto grau de lesão, extravasamento ativo de contraste à TC e necessidade de transfusão sanguínea. Em média, a taxa de falha dessa conduta é de 10,8%. Maior grau de lesão, maior taxa de falha, variam de 4,8% a 17% (grau I a III) e 75% (V). Possível utilizar TNO desde que o paciente apresente clínica favorável, em um hospital de referência em trauma e preencha critérios de seleção de um protocolo rígido e bem definido, respeitando a especificidade de cada víscera.
Área
TRAUMA
Instituições
Instituto Hospital de Base do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil
Autores
Victor Barroso Camilo Cunha Ataíde, Yasmim Emanoelle de Paula Machado, Larissa Michetti Silva, Lucas Leite Flores, Huri Brito Pogue, Eduardo Lenza Silva, Mariana França Bandeira de Melo, Natália Francis Gonçalves Farinha