Dados do Trabalho
TÍTULO
GRAVIDEZ ECTOPICA ABDOMINAL COM IMPLANTE EM GRANDE OMENTO: UM RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO
A gravidez ectópica ocorre em cerca de 0,6% a 3% das gestações e é a principal responsável pelas mortes maternas no 1º trimestre de gestação. Em 1% dos casos ocorre no peritônio, caracterizando uma gravidez ectópica abdominal. É responsável por 5% a 10% das causas das mortes relacionadas com gravidez, com incidência de 1 em cada 100 gestações normais nos Estados Unidos, possuindo taxa de mortalidade de 4 para cada 10.000 casos. No Brasil, um estudo realizado por Fernandes et. al. (2004), constatou a prevalência de 11% de gravidez ectópica em mulheres submetidas à laparotomia.
RELATO DE CASO
Mulher, 31 anos, deu entrada em um PS de Palmas/TO queixando-se de dor abdominal difusa e de início súbito, sem fator de melhora ou piora, associada a náuseas, vômitos, taquicardia e palidez mucocutânea. Primípara, com ciclos menstruais regulares, refere DUM há 2 meses. Ao exame físico, consciente e orientada, normocárdica e normotensa, com palidez mucocutânea leve. Abdome plano, doloroso difusamente a palpação superficial e profunda, com descompressão brusca positiva em todos os quadrantes.
Vinte dias após a DUM, sentiu dor em cólica no baixo ventre com secreção vaginal descrita como “borra de café”, com β-HCG positivo. USG TV não evidenciou saco gestacional em útero ou anexos, sendo realizada videolaparoscopia diagnóstica, que também não evidenciou alterações.
Na admissão no PS, apresentou valores adequados de Hb e Ht, e USG de abdome total e pélvica TV evidenciando líquido livre em grande quantidade de aspecto espesso, com útero e anexos sem alterações. TC de abdome total com contraste sem informações adicionais. Foi encaminhada para laparotomia exploradora devido à peritonite, evidenciando-se útero e anexos de aspecto habitual e presença de massa sólida aderida ao grande omento, com sangramento ativo. Optou-se por ressecção de parte do omento com hemostasia através de ligaduras e limpeza da cavidade. A análise histopatológica da peça evidenciou saco gestacional implantado no epíplon. A paciente manteve-se estável durante todo o procedimento cirúrgico e também no PO, sem necessidade de hemotransfusão, recebendo alta hospitalar em 72 h. Durante revisão ambulatorial pós-operatória nenhuma intercorrência foi constatada.
DISCUSSÃO
A gravidez ectópica é uma condição rara, principalmente quando se trata de uma implantação abdominal. Seu diagnóstico deve ser precoce e pode ser realizado por sinais clínicos, dosagem plasmática de β-HCG, e USG TV. No caso relatado, não foi possível o diagnóstico de gravidez ectópica por meio de exames de imagem.
O tratamento pode ser realizado de forma clínico-conservadora, ou de forma cirúrgica através de laparoscopia ou laparotomia. Para a paciente do caso não foi possível estabelecer um diagnóstico preciso pré-operatório e, apesar de manter estabilidade hemodinâmica, apresentava palidez cutânea, peritonite e grande quantidade de sangue em cavidade abdominal, o que justificou a abordagem cirúrgica de urgência.
Área
GINECOLOGIA
Instituições
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - Tocantins - Brasil
Autores
Victor Vargas de Oliveira, Evandro Leite Bitencourt, Renata Rossato Araújo, Bruno de Oliveira Araújo Sousa