Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA COLORRETAL METASTATICO PARA FIGADO EM PACIENTE JOVEM GESTANTE

INTRODUÇÃO

Aproximadamente 0.1% das gestantes desenvolvem alguma malignidade durante a gravidez, sendo as mais comuns e complicadas o câncer de mama, de colo de útero, de ovário, o linfoma e o melanoma. A incidência de Câncer Colorretal (CCR) reportada em mulheres gravidas é 0,002% sendo a maioria dos tumores localizados em reto (63%) e sigmoide (20%). Dessa forma, há pouca experiência na conduta terapêutica do CCR durante a gestação.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 29 anos, gestante, apresentou, desde a 20ª semana de gestação, quadro álgico em flanco direito e hipocôndrio, associado à melena e hematoquezia. Durante investigação ultrassonográfica na 24ª semana, foi identificado acentuado espessamento parietal de ceco e cólon ascendente, que, ao ser correlacionado com Ressonância Magnética Nuclear (RMN), evidenciou processo expansivo medindo 9,2 cm, associado a linfonodos regionais aumentados, e nódulo único em segmento VII de fígado. Colonoscopia mostrou lesão úlcero-vegetante em ceco e cólon ascendente. Foi internada com quadro agudo de enterorragia, resolvido inicialmente com conduta clínica, havendo recidiva no 7º dia de internação. Foi optado portanto por tratamento cirúrgico, na 28ª semana gestacional, em que foi realizada colectomia direita alargada com anastomose íleo-transverso anisoperistáltica laterolateral grampeada. A análise anatomopatológica evidenciou adenocarcinoma mucinoso invasivo, pT4aN2a. Evoluiu satisfatoriamente no pós-operatório, sendo submetida a parto cesáreo 4 semanas após a cirurgia e iniciado quimioterapia com esquema FOLFOX por 10 ciclos. Exames de seguimento com tomografia por emissão de pósitrons (PET) e RMN mostraram regressão completa da lesão hepática. Após avaliação com PET e RMN um ano após a cirurgia, não foram evidenciadas recidivas da lesão. Um ano e nove meses após a primeira cirurgia, foi submetida a colocistectomia videolaparoscópica em decorrência de litíase e inventário da cavidade também não evidenciou recidiva tumoral.

DISCUSSÃO

A incidência de CCR durante a gravidez é rara, ocorrendo em cerca de 1:13000 gestantes. O diagnóstico clínico de tal acometimento pode ser mascarado pelos sintomas inespecíficos que podem ser atribuídos à própria gestação, inclusive o sangramento evacuatório, que pode estar relacionado com o aumento da incidência de hemorróidas nessas pacientes. A ecografia e a RMN são os exames indicados por serem os mais seguros na gestação. A colonoscopia é considerada o exame definitivo em casos de CCR e, mesmo que seja relacionado a riscos durante a gravidez, deve ser considerado junto à paciente, sendo no caso apresentado utilizado como um exame confirmatório. O tratamento ainda é controverso, mas existem descrições na literatura de que, em casos de emergência em gestantes com fetos não viáveis, há indicação de ressecção cirúrgica ou implante de stent, ambos seguidos da indução do parto quando feto viável. A adjuvância recomendada é o esquema FOLFOX, que foi aplicado após o parto para segurança do feto.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Santa Helena - Distrito Federal - Brasil

Autores

Pedro Paulo Gatto Oliveira Thomé, Paulo Henrique Rodrigues Correia, Rodrigo Carvalho Almada Melo, Rachel Gonçalves Nihari, Pedro Maia Nobre Rocha Saffi, Eduarda Sabá Cordeiro Oliveira, Juacy Bezerra Oliveira