Dados do Trabalho
TÍTULO
TUMOR DE FRANTZ COMO ACHADO INCIDENTAL
INTRODUÇÃO
O tumor pseudopapilar sólido do pâncreas, também conhecido tumor de Frantz, é uma neoplasia rara descrita pela primeira vez por Frantz em 1959. Em 1996, foi incluído na classificação da OMS e definido como uma neoplasia maligna de baixo grau do pâncreas exócrino. Menos de 2800 casos foram relatados no período de 1961 a 2012, e a maioria deles era em jovens do sexo feminino. A sintomatologia é inespecífica e aproximadamente um terço dos pacientes é assintomático. Porém, o sintoma mais comum é dor ou desconforto abdominal, mas vômitos, náusea, dor nas costas podem estar relacionados. O local mais comum de acometimento é a cauda do pâncreas. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica da lesão, sendo a pancreatectomia distal e a duodenopancreatectomia (Whiple) as cirurgias mais comuns. O prognóstico é bom, pois tem comportamento indolente e a metástase é bastante incomum.
RELATO DE CASO
R. E. L. N., 20 anos, encaminhada ao ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Onofre Lopes por endocrinologista que detectou alterações nas transaminases TGO e TGP, durante realização de exames com o objetivo de emagrecimento. Paciente chega ao ambulatório 2 meses após com queixa de icterícia, prurido, colúria, acolia fecal e perda de peso estimada em 10 kg. Sorologias para Hepatites B e C não reagentes, CEA 2.49, AFP 2.35, CA19 8.53. A ultrassonografia abdominal revelou uma formação cística em lobo hepático direito, com volume estimado de 299cm³. A tomografia de abdome revelou volumosa lesão expansiva localizada no hipocôndrio direito, ocupando o espaço entre o fígado e a cabeça do pâncreas, medindo cerca de 11,5 x 10,0 x 9,5 cm (LLxCCxAP), fazendo compressão sobre o ducto colédoco, com dilatação das vias biliares E hiperdistensão da vesícula biliar, além de íntima relação com a veia porta, veia mesentérica superior e com artéria mesentérica superior; também sem plano de clivagem com o duodeno. A paciente foi submetida à duodenopancreatectomia e colecistectomia por via aberta. A recuperação foi bem sucedida e a paciente recebeu alta do Hospital após 6 dias. Resultado da biópsia confirmou o diagnóstico de Tumor de Frantz sem metástase.
DISCUSSÃO
O uso de exames de imagem como método auxiliar na prática médica é um dos fatores que contribuiu para o aumento de diagnósticos das lesões císticas do pâncreas, os chamados incidentalomas. Um pequeno percentual dessas lesões são diagnosticadas como tumor de Frantz. Comumente, sua evolução é indolente e sua localização habitual é no corpo ou cauda pancreática, porém como o ocorrido no presente caso, o tumor apresentou grandes dimensões com íntima relação com vasos nobres, bem como localização na cabeça do pâncreas. Esses achados incomuns são de fundamental importância na diferenciação com as neoplasias malignas pancreáticas. Sendo assim, embora o tratamento cirúrgico possua alta capacidade curativa, o diagnóstico por muitas vezes incidental pode atrasar o tratamento, culminando em maior morbimortalidade.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Dened Myller Barros Lima, Maria Paula Ribeiro Dantas Bezerra, Senival Alves De Oliveira Júnior, Guilherme Bastos Palitot Brito, Luiz Felipe Medeiros Rocha, Antonio Braz Da Silva Neto, Gabriela Lima Nóbrega, Fernando Freire Lisboa Junior